Testes preliminares também indicaram que o novo produto é capaz de proteger contra o vírus da dengue
Uma vacina experimental contra o vírus da zika criada pelo Instituto Walter Reed, do Exército dos EUA obteve bons resultados em testes preliminares, sobretudo entre voluntários que já tinham contraído dengue.
Um estudo mostra que o imunizante conseguiu criar anticorpos (proteínas do sistema imune) capazes de neutralizar vírus das duas doenças e relata um resultado promissor em testes em humanos feitos em Porto Rico.
O trabalho relatando os resultados foi publicado pela revista Nature Medicine. No artigo, os cientistas relatam que uma única dose da vacina foi capaz de ampliar a imunidade parcial que os voluntários já tinham, caso tivessem contraído dengue tipo 2. Já os voluntários sem histórico prévio de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti precisaram de duas doses da vacina para conseguir níveis semelhantes de proteção.
Os testes clínicos realizados até agora, em três grupos diferentes, foram todos de fase 1, projetados para avaliar sobretudo a segurança do produto. A avaliação de eficácia foi preliminar, e não permite ainda registro do produto e expansão do teste ainda para grandes populações, mas os cientistas continuarão com os trabalhos indo para fase 2.
Os trabalhos dos cientistas começaram em 2017, um ano depois de a epidemia de zika que atingiu o Brasil e a América Latina gerar um aumento do número de casos de microcefalia e problemas de desenvolvimento neural em recém-nascidos na região.
Imunidade cruzada
Segundo os pesquisadores, a vacina ofereceu imunidade contra dengue tipo 2 e zika porque aumentou a produção de um anticorpo específico que ataca um fragmento de proteína presente nesses dois vírus.
Além do produto desenvolvido pelo Exército Americano, outras vacinas estão em desenvolvimento. Uma delas, da Universidade da Califórnia em Davis, teve bons resultados em macacos, ainda no ano passado.
Acredita-se que vacina contra dengue desenvolvida pelos NIH (Institutos Nacionais de Saúde), que está sendo testada pelo Instituto Butantan, no Brasil, também ofereça algum grau de imunidade cruzada contra zika, mas pesquisadores ainda não completaram o teste de fase 3 que possa comprovar isso.
Uma pesquisa que investigou imunidade cruzada da vacina contra febre-amarela também encontrou a possibilidade de que ela ofereça proteção contra o zika.