Imagine obter os benefícios da cirurgia bariátrica sem precisar ir para a sala de cirurgias – uma nova classe de medicamentos promete fazer exatamente isso.
Em animais de laboratório, esses tratamentos potenciais reduziram drasticamente o peso e diminuíram a glicose no sangue. Os compostos injetáveis também evitam os efeitos colaterais de náusea e vômito que são comuns com os medicamentos atuais para perda de peso e diabetes.
Na semana passada, durante a reunião anual da Sociedade Química Norte-Americana, os cientistas por trás do projeto relataram a descoberta adicional que o novo tratamento não apenas reduz o apetite e a ingestão de alimentos, mas também aumenta a queima de calorias.
Perda de peso sem cirurgia
A nova classe de fármacos, ainda em fase de desenvolvimento, surgiu com a constatação de que os benefícios da cirurgia bariátrica advêm de alterações nos níveis de secreção do intestino de certos hormônios – incluindo peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e peptídeo YY (PYY) – que sinalizam saciedade, reduzem o apetite e normalizam o açúcar no sangue.
Uma primeira geração desses fármacos produziu os resultados esperados, mas os efeitos colaterais eram tão fortes que todos os pacientes abandonaram seu uso. A equipe agora relatou os resultados das pesquisa com a segunda geração dos compostos ativos, que passaram a atuar em múltiplos receptores.
Batizado de GEP44, esse composto fez com que ratos obesos comessem até 80% menos do que normalmente comiam. Ao final de um experimento de 16 dias, eles perderam uma média de 12% de seu peso. Isso foi mais de três vezes a quantidade perdida por ratos tratados com liraglutida, uma droga injetável que ativa apenas o receptor GLP-1 e que é aprovada pela FDA dos EUA para o tratamento da obesidade.
A descoberta relatada agora é que a perda de peso causada pelo GEP44 deve-se não apenas à diminuição da alimentação, mas também ao maior gasto de energia, que pode assumir a forma de aumento de movimento, frequência cardíaca ou temperatura corporal.
Curta duração e quimioterapia
A droga ainda não está pronta para comercialização porque ela é muito sensível e perde seu efeito apenas uma hora após ser sintetizada. Os pesquisadores também contaram que já estão trabalhando em uma versão de longa duração, muito mais estável.
E, como o medicamento atua nas vias cerebrais envolvendo as náuseas e vômitos, a equipe acredita que o desenvolvimento da nova droga também trará benefícios para os tratamentos de quimioterapia.
“E se pudéssemos manter o benefício das drogas quimioterápicas, mas dizer à parte do cérebro que causa vômitos e náuseas para eliminá-los? Então poderíamos dosar os pacientes em um nível mais alto, para que eles tivessem um prognóstico melhor e também uma melhor qualidade de vida durante a quimioterapia,” disse o Dr. Robert Doyle, da Universidade Siracusa (EUA).