Tomar uma única dose de um remédio injetável e, por isso, estar imune ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) por um ano.
É a proposta inovadora da companhia ViiV Healthcare — parte da farmacêutica britânica GSK — ao elevar a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) contra o vírus da Aids a um novo patamar. Informalmente, a estratégia é apelidado de vacina. Se os resultados dos testes forem promissores, a medicação pode ficar pronta por volta do ano 2030.
Remédio previne HIV por um ano deve chegar em 2030
Vale lembrar que, até o momento, a ciência não conseguiu desenvolver uma vacina eficaz e segura contra o HIV, capaz de estimular o sistema imunológico a combater a possível infecção. Nesse contexto, a principal arma preventiva são os medicamentos antivirais do tipo PrEP. Só que, quando a pessoa para de tomar e o efeito da medicação acaba, o risco volta. Essas terapias preventivas também não protegem contra outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como sífilis e gonorreia.
Remédio de proteção prolongada contra HIV
Em desenvolvimento pela ViiV, a PrEP de ação extremamente prolongada recebe o nome provisório de VH184. No organismo, a fórmula é projetada para bloquear a ação da enzima integrase, responsável por inserir o código genético do HIV no DNA da célula saudável.
Por enquanto, a medicação injetável que potencialmente poderá proteger por um ano contra o HIV é testada em modelos animais. A medicação “demonstrou uma meia-vida muito longa em estudos pré-clínicos”, afirmou Kimberly Smith, chefe de pesquisa e desenvolvimento na ViiV, para o jornal Financial Times.
Agora, “precisamos determinar se essa meia-vida muito longa é observada em humanos”, acrescentou. Ainda não há previsão para o início dos testes clínicos com a nova medicação.
Quando a nova PrEP fica pronta?
“Não posso dizer quando, mas não muito além do final desta década. Será possível, eu acredito”, comentou Smith sobre as possibilidade da PrEP de proteção prolongada chegar ao mercado. Se isso se confirmar, a nova estratégia contra o vírus da Aids deve estar pronta em 2030.
PrEP contra o HIV no Brasil
Para além do medicamento que protege o indivíduo por um ano contra o HIV, já existem outros tipos de PrEPs no Brasil, sendo distribuídas através do Sistema Único de Saúde (SUS). É o caso do Apretude (cabotegravir) em comprimidos, também da ViiV — só que a pessoa precisa tomar o medicamento diariamente.
Neste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o Apretude injetável para ser usado como PrEP. A diferença é que a medicação só precisa ser aplicada em um intervalo de dois meses entre as doses, facilitando a adesão. É possível que também seja incorporada ao SUS.
Agora, se os planos de desenvolver uma PrEP com ação duradoura, em que o intervalo entre as doses é de um ano, as possibilidades de proteger indivíduos com comportamentos de risco para o HIV serão ainda maiores, podendo incidir na queda de novas infecções em todo o globo.