Tomar um ou outro drinque antes do sexo é uma prática comum entre vários casais. A bebida é uma forma de diminuir a inibição, deixar o clima mais leve e até apimentar as trocas na cama. Mas dependendo da quantidade de álcool ingerida, a performance sexual pode ser ficar muito aquém do desejado.
O mesmo mecanismo que manda a timidez embora, a depressão do sistema nervoso central causada pelas bebidas alcoólicas, também afeta a função cerebral e diminui o fluxo sanguíneo para o pênis, o que como resultado, pode impedir a formação de uma ereção.
“Para a mulher, a lubrificação pode diminuir com a ação diurética, que gera menos vasodilatação na região pélvica”, explica Lilian Fiorelli, médica ginecologista especialista em sexualidade feminina e uroginecologia pela USP (Universidade de São Paulo).
“Além das funções corporais, a cabeça também precisa estar focada no sexo para que a libido esteja adequada – e dependendo do quanto a pessoa bebeu, isso não é possível.”
A quantidade prejudicial é variável de pessoa para pessoa, de acordo com o organismo de cada um.
Já se o abuso de bebidas alcoólicas é algo recorrente e persiste por muito tempo, os danos são maiores. De acordo com um estudo publicado no “Indian Journal of Psychiatry”, para homens, o quadro pode causar disfunção sexual, diminuição do desejo até prejudicar a capacidade de ter orgasmos.
Isso acontece, explica Fiorelli, por que o uso contínuo de bebidas alcoólicas causam lesões vasculares em homens e mulheres, prejudicando a chegada do sangue nos órgãos sexuais e por isso, impedindo a ereção e a lubrificação.
“Todo homem que note uma dificuldade em ter a ereção ou manter a ereção após várias relações sexuais, o ideal é que procure um médico urologista para investigar se existe outras causas. Diabetes, hipertensão e doenças psiquiátricas podem estar por trás do problema. Às vezes, o álcool é só um potencializador”, aconselha a médica.
A ereção não aconteceu. E agora?
O primeiro passo, de acordo com a psicoterapeuta e sexóloga Marina Vasco, é não se estressar com a situação.
“Ainda que relaxar possa não ser suficiente para a ereção acontecer, ajuda na comunicação do casal”, diz.
O momento costuma ser desconfortável sobretudo para o homem, que, de acordo com Vasco, deve tentar não se cobrar tanto e lembrar que a falta de ereção pode acontecer com qualquer um.
É normal que a excitação física volte com o tempo, mas para alguns, isso significa ter que esperar até o dia seguinte.
“Se o casal ainda quer aproveitar a noite, é possível usar os dedos, fazer sexo oral e trazer brinquedos sexuais para a relação. Hoje, felizmente, muitos homens já deixaram o preconceito de lado e entenderam que os sex toys não são uma competição para eles, mas sim algo que agrega na relação e pode agradar ambas as partes”, afirma a sexóloga.