Mulher tem braços e pernas amputados após comer tilápia contaminada

Por: Agências  Data: 19/09/2023 às 16:39
Mulher tem braços e pernas amputados após comer tilápia contaminada
Mulher tem braços e pernas amputados após comer tilápia contaminada (imagem: Reprodução/GoFoundMe)

Nos Estados Unidos, uma mulher de 40 anos passou, na última quarta-feira (13), por uma cirurgia em que os dois braços e as duas pernas foram amputados. Desde o início de agosto, a paciente está internada após ter supostamente consumido filé de tilápia mal cozida e ter contraído uma grave infecção provocada pela bactéria Vibrio vulnificus.

Mulher tem braços e pernas amputados após comer tilápia contaminada

Segundo o jornal The Independent, a paciente que teve os membros amputados se chama Laura Barajas e tem um filho de seis anos. A infecção bacteriana foi contraída após o consumo de uma tilápia comprada em um mercado local em San Jose, no estado da Califórnia. Ela teria sido a única a comer o peixe em sua casa durante o jantar.

O caso da mulher que comeu tilápia mal passada
Embora seja raro, em quadros graves de infecção, especialmente quando ocorre sepse (infecção generalizada), a única saída para conter o avanço da condição é a amputação, como ocorreu com a norte-americana após ter supostamente consumido tilápia preparada sem os devidos cuidados — estudos e relatos de caso não foram publicados sobre a paciente.

Antes da cirurgia de amputação, os médicos colocaram a paciente em coma induzido. Os pés e as pontas dos dedos já estavam pretos devido à necrose provocada pela infecção. Além disso, os rins apresentavam alterações.

Qual bactéria se esconde na tilápia?
Vale explicar que a bactéria Vibrio vulnificus costuma ser encontrada, na maioria das vezes, em frutos do mar, mariscos e outros alimentos oriundos do mar. No entanto, em casos raros, o patógeno pode se desenvolver em peixes, como a tilápia. Aliás, em alguns casos, a espécie pode habitar água doce ou salgada. Independente da origem, o cozimento adequado ou mesmo o congelamento podem matar o agente infeccioso.

“As infecções por V. vulnificus têm um curto período de incubação e são caracterizadas por infecção necrosante da pele e dos tecidos moles, com ou sem bolhas hemorrágicas”, descreve o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

Alerta do CDC para a Vibrio vulnificus
Por causa do aumento recente de casos da infecção potencialmente mortal — recentemente, um homem morreu após consumir ostras contaminadas —, o CDC emitiu um alerta para todo o país no começo deste mês.

Segundo a entidade, as bactérias do gênero Vibrio infectam cerca de 80 mil pessoas por ano no país. Só que a maioria dos casos são provocados pelas bactérias V. parahaemolyticus (40%) e V. alginolyticus (20%), ambas causam um tipo de diarreia acompanhada por febre, sem maiores complicações.

O problema está nos raros casos de infecção pela V. vulnificus. Em todo o país, são identificados cerca de 150 a 200 casos da doença de notificação obrigatória. Segundo o CDC, uma em cada cinco pessoas com o quadro morre, indicando uma taxa de letalidade de aproximadamente 20%. Como a doença avança rápido, o óbito pode ser notificado, em alguns pacientes, antes das primeiras 48 horas da infecção.

Além do consumo de carne de peixe ou frutos do mar não cozidos, a doença é mais comumente transmitida a partir de feridas abertas que entram em contato com a água do mar ou água salobra contaminada. Até o momento, não foram identificados casos de transmissão entre pessoas.

Casos da doença transmitida pelo peixe no Brasil
Vale mencionar que, no Brasil, a doença que levou à amputação dos membros da mulher estadunidense é bastante rara, e não há dados estatísticos sobre o quadro. Na literatura científica, existem apenas alguns relatos de casos da infecção por V. vulnificus, como o publicado na revista Anais Brasileiros de Dermatologia (ABD).

Em 2013, pesquisadores do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) descreveram o caso de um homem de 39 anos que faleceu em decorrência da bactéria 30 horas após ser internado para o tratamento. O paciente já tinha passado por um transplante de fígado e usava medicação imunossupressora, o que pode ter contribuído com a gravidade do quadro.

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