Nicole tinha 18 anos quando começou a namorar o parceiro, que seria o pai de sua primeira filha. Acontece que o casal nunca havia feito sexo. Mesmo assim, a professora britânica, apelidada de Virgem Maria, acabou dando à luz uma menina.
Nicole e o namorado tinham contato sexual, mas nunca fizeram sexo com penetração. “Tentamos a penetração, mas era impossível. Eu não entendia por que não dava certo”, conta. “Eu sentia que tinha uma parede que ele não conseguia atravessar.”
Nicole nunca tinha conseguido colocar um absorvente interno. Os médicos diziam que estava tudo bem, que o canal vaginal dela era apenas mais estreito. No entanto, ela sabia que havia alguma coisa errada.
Durante a gravidez, Nicole recebeu o diagnóstico de vaginismo, caracterizado pela contração involuntária dos músculos ao redor do orifício da vagina, dificultando ou impossibilitando o uso de absorventes internos, o exame de Papanicolau e a penetração.
Grávida sem sexo
Na época, Nicole e o namorado encontraram outras formas de intimidade sem “chegar até o fim”.
Até que um dia, no trabalho, ela começou a sentir muita azia e dor nos seios, e a chefe, com quem ela tinha proximidade, comentou que poderia ser gravidez.
“Eu comecei a rir e disse que isso era impossível, pois eu ainda era virgem e nunca tinha feito sexo com penetração”, conta Nicole. “Mas ela disse que uma mulher pode ficar grávida mesmo sem penetração, que bastava ter fluidos perto da vagina.”
Naquele dia, Nicole fez um teste de gravidez na hora do almoço e deu positivo. Ela ainda era virgem, mas estava grávida. “Fiquei chocada e totalmente perdida. Não conseguia acreditar.”
Além de ficar preocupada com o parto, Nicole ficou com medo de que o namorado desconfiasse de uma traição.
Ele acreditou nela, mas muitas pessoas duvidaram, inclusive profissionais de saúde. “Muita gente continua me chamando de Virgem Maria, é engraçado. Foi uma loucura”, ela conta.
Ela buscou uma segunda opinião e conseguiu confirmar que, embora raro, era possível ficar grávida sem penetração caso a atividade sexual introduzisse fluidos sexuais na região vaginal.
Finalmente, as respostas
Nicole disse que foi muito difícil fazer os médicos acreditarem que ela não tinha feito sexo. “Meu namorado tinha que ir comigo às consultas para explicar que era verdade.Fui fazer o acompanhamento da gravidez no hospital e a enfermeira não conseguiu fazer o exame de toque.”
Nicole continua: “Tentei explicar que nunca tinha feito sexo, e ela não acreditou, ela disse: ‘que absurdo, é claro que você fez’. Achei que ninguém nunca acreditaria em mim e que nunca descobriria exatamente o que aconteceu.”
Com quatro meses de gravidez, durante uma consulta de rotina, Nicole finalmente encontrou a resposta quando um médico residente sugeriu que ela poderia ter vaginismo. “Fui para casa, procurei os sintomas no Google e fiquei impressionada. Finalmente percebi que não havia nada de errado comigo, era uma doença.”
Depois do diagnóstico, Nicole foi encaminhada a uma terapeuta especializada em vaginismo, que explicou como lidar com a situação, usando dilatadores, por exemplo.
Com essa ajuda, ela finalmente conseguiu perder a virgindade e fazer sexo com penetração aos cinco meses de gravidez. “Não foi fácil. O processo todo foi frustrante e estressante, mas eu continuei firme e acabei conseguindo transar pela primeira vez durante a gravidez. Não estou mais namorando o pai da minha filha, mas ele sempre me deu apoio depois do diagnóstico.”
Apesar do medo de Nicole, sua filha Tilly, que já está com oito anos de idade, nasceu sem nenhum problema.
Nicole continua com vaginismo, mas agora tem ferramentas e informações para enfrentar a doença. Ainda não consigo fazer determinadas coisas, como colocar um absorvente interno, mas já fico feliz em ter uma vida sexual normal. A Tilly foi um milagre. Nos damos muito bem e tê-la foi a melhor decisão que eu tomei.”