No mundo ocidental, a expectativa de vida aumentou rapidamente no século XX, mas as mulheres ainda têm uma expectativa de vida maior que a dos homens.
A diferença entre os sexos foi maior na década de 1970, quando a expectativa de vida ao nascer era quase 10 anos maior para as mulheres do que para os homens. No entanto, nas últimas décadas essa lacuna foi diminuindo gradativamente, e hoje é metade disso.
Em busca de explicações, cientistas descobriram agora que essa diferença entre os sexos também pode ser vista no envelhecimento biológico, e não apenas no tempo de vida.
Os pesquisadores queriam saber se há diferenças no envelhecimento biológico entre homens e mulheres e se as potenciais diferenças poderiam ser explicadas por fatores relacionados ao estilo de vida. Essas diferenças foram investigadas em adultos jovens e idosos.
Foram usados vários marcadores epigenéticos como medidas de envelhecimento biológico. Também conhecidos como “relógios epigenéticos”, esses marcadores permitem estudar os fatores relacionados à expectativa de vida ao longo da vida de um indivíduo, fornecendo uma estimativa da idade biológica em anos a partir dos níveis de metilação do DNA.
“Nós descobrimos que os homens são biologicamente mais velhos do que as mulheres da mesma idade cronológica, e a diferença é consideravelmente maior em participantes mais velhos,” resumiu a professora Anna Kankaanpaa, da Universidade de Jyvaskyla (Finlândia).
Por que os homens morrem mais jovens
A equipe descobriu também que o tabagismo entre os homens pode explicar boa parte da diferença no envelhecimento entre os sexos. Para isso, eles compararam duplas de gêmeos. Contudo, o efeito do tabagismo apareceu apenas nos gêmeos mais velhos, mas não em gêmeos adultos jovens.
Além disso, o tamanho corporal maior dos homens explicou uma pequena parte da diferença entre os sexos em ambas as faixas etárias – quanto maior o corpo, maior o envelhecimento biológico.
“Em nosso estudo, também usamos um desenho de estudo bastante raro e comparamos o ritmo de envelhecimento entre pares de gêmeos do sexo oposto. Uma diferença semelhante também foi observada entre esses pares de gêmeos. O gêmeo masculino era cerca de um ano biologicamente mais velho do que o gêmeo feminino. Esses pares cresceram no mesmo ambiente e compartilham metade de seus genes. A diferença pode ser explicada, por exemplo, por diferenças sexuais em fatores genéticos e os efeitos benéficos do hormônio sexual feminino estrogênio na saúde,” detalhou Kankaanpää.
Os resultados sugerem que o declínio do tabagismo entre os homens explica em parte por que a diferença entre os sexos na expectativa de vida diminuiu nas últimas décadas, mas ainda será necessário encontrar explicações para todo o efeito que ainda acontece hoje – cerca de cinco anos -, com o declínio radical dos fumantes.