Promover a evolução dos pacientes de forma conjunta é a intenção da visita multidisciplinar ou round, como tem sido chamado pelos profissionais o projeto que os une para discutir cada caso dos pacientes internados nas Unidades de Terapias Intensivas (UTIs) adulto e pediátrica do Hospital Geral do Estado (HGE).
Segundo explicou a médica Lis Daniella Pinto, intensivista da UTI Geral do hospital, a ferramenta organizacional consiste em uma visita a cada leito, realizada pela equipe multidisciplinar envolvida nos cuidados assistenciais aos pacientes. “Cada profissional expõe o que observa no tratamento, propõe condutas e novas abordagens que possam levar à melhora do estado do paciente. Cruzamos as informações e definimos ações”, descreveu.
Ela contou que, embora o escopo seja ganhar na assistência ao paciente, a técnica tem também o efeito reflexo de ampliar a integração, o conhecimento compartilhado e o entusiasmo dos profissionais. “Através das discussões dos casos e da rotina de planejamento, todos têm crescido com o compartilhamento das informações. Em cada visita temos a presença de mais profissionais, eles estão chegando e contribuindo muito com as informações de suas áreas”.
Participam das visitas, os técnicos de enfermagem, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, médicos, residentes, profissional do gerenciamento de risco, da odontologia e enfermeiro do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH).
“O processo é aberto pelos técnicos de enfermagem que são fundamentais e aqueles que têm contato direto e permanente com os pacientes. Na UTI geral, as visitas, que iniciamos com uma vez por semana, já foram estendidas para duas e com propensão de aumentar para três nos próximos dias”, referiu a médica.
De acordo com ela, em geral, é comum cada profissional viver na sua ilha, “na sua zona de conforto, o que reflete na assistência ao paciente. Não se faz práticas assistenciais na saúde isoladamente. Médico não faz sozinho, enfermeiro também não. Através dos rounds, do cruzamento de informações, a assistência ao paciente só ganha através de ações aplicadas de forma humanizada e individualizada”, salientou.
Para exemplificar, o enfermeiro Nivaldo Caetano citou a necessidade de acompanhamento psicológico, mudança de medicação, sessões de fisioterapia ou qualquer outra associação de tratamentos que influenciem no quadro geral do paciente. “Essa troca de informações tem evitado essas ilhas de profissionais e, para isso, organizamos a rotina das tarefas da área da enfermagem na UTI para adaptar o horário dos rounds e ter a participação maior de profissionais”, ressaltou o enfermeiro.
Assistência pediátrica – Na UTI pediátrica, os rounds também estão acontecendo duas vezes por semana, conforme explicou o médico intensivista, Tiago Perez Maciel, com propensão de igualmente aumentar. “Esses momentos têm se mostrado de uma riqueza enorme, principalmente porque trabalhamos em um ambiente de alta complexidade onde os pacientes críticos passam por períodos de observação continua e por vezes duradouras com inúmeras variáveis para serem trabalhadas e alinhadas com todos os membros da equipe”.
Segundo ele, a visita ocorre à beira do leito, guiada por um check-list que funciona como recurso para auxiliar na qualidade, segurança e diminuição de eventos adversos. “É um momento em que temos a oportunidade de uniformizar informações para toda a equipe, evidenciar os pontos fortes, ajustar o que pode ser melhorado e traçar um plano terapêutico em conjunto para recuperação do paciente; onde, também, as informações à família sejam mais efetivas. Além disso, todos da equipe ficam mais seguros sobre a programação do paciente e mais a vontade para se comunicarem entre si”, apostilou o intensivista.