O Hospital Geral do Estado (HGE) conta com 38 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo 18 para adultos, 10 exclusivos para adultos com a Covid-19 e mais 10 somente para crianças. Somados, mais de 90% dos leitos nestes setores estão ocupados nesta terça-feira (9), situação que preocupa a Gerência da maior unidade de urgência e emergência de Alagoas, que reforça o alerta à população para a prevenção de doenças e agravos.
As UTIs são locais especializados no suporte vital de alta complexidade, a fim de manter a vida do doente em condições clínicas de gravidade extrema e com risco de morte por insuficiência orgânica. No HGE, esses leitos comumente são procurados devido ao quantitativo de cidadãos admitidos com o quadro clínico grave, seja por traumas físicos, ou por doenças cardiológicas e neurológicas ou por qualquer outra enfermidade que oferece potencial risco de óbito.
“Por ser a principal porta de entrada do SUS [Sistema Único de Saúde] em Alagoas, os casos mais complexos e variados são acolhidos pelas equipes assistenciais do HGE. Eles recebem o primeiro atendimento nas áreas Vermelhas, Azul e Pediatria; podendo ser levados, após a realização de exames, a procedimentos cirúrgicos de emergência, ou para internação, que também incluem outras unidades fechadas, como a Área Amarela, a Unidade de Dor Torácica [UDT], a Unidade de AVC, o Centro de Tratamento de Queimados [CTQ] e a Unidade de Cuidados Intermediários [UCI] Pediátrica”, explicou a supervisora médica, Rosana Veras.
Recém-inaugurada, a “UTI Covid” está com 80% dos leitos ocupados nesta terça-feira (9). Ela é resultado do esforço que o Governo de Alagoas tem tido para assistir todas as vítimas da Covid-19. O aposentado Joam Barbosa de Oliveira, de 60 anos, é um dos que estão sendo assistidos pela equipe multidisciplinar. Ele recorda que chegou ao HGE após receber o primeiro atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Trapiche da Barra. Apesar do medo da doença, em nenhum momento desacreditou que será curado.
“Sábado retrasado eu sai da minha casa, no Conjunto Joaquim Leão [bairro Vergel do Lago, em Maceió] e fui pedalando até a Praça da Faculdade para comprar um remédio para minha esposa. Quando voltei para casa, senti uma dor no peito leve, tontura. Tossi, mas depois melhorei. Depois a tosse voltou mais forte, então minha esposa quis me levar para a UPA. Quando cheguei lá, o médico disse que eu tinha um problema no coração e que eu precisava de ajuda para respirar. Colocou em mim uma máscara e depois me transferiu para o HGE”, recordou Joam, pai de duas filhas.
Segundo o médico Adailton Melo, recém-pós-graduado pela Residência Médica do HGE, o patriarca, além da Covid-19, também sofre com bloqueio na atividade ventricular no coração, condição que o levará a receber um marca-passo definitivo – após a recuperação da infecção. Apesar de a inauguração ter acontecido há apenas uma semana, o especialista comenta que os casos que chegam à UTI Covid-19 do HGE têm elevado grau complexidade.
“Quando falam que a Covid-19 é uma doença traiçoeira, não é somente mídia não. É muito desgastante tratar um paciente grave com o novo coronavírus. Eles demandam um manejo muito dificultoso, sedações mais difíceis; a adaptação ao ventilador mecânico também é muito complexo; e apresentam complicações de saúde muito preocupantes, como a perda da função renal. Cada paciente exige um estudo muito específico e as respostas às medicações mudam conforme o histórico clínico de cada doente”, resumiu o médico.
O gerente do HGE, Paulo Teixeira, se mostra preocupado com a atual situação, visto que, com a aparente despreocupação da população – indo às praias, aglomerando-se nas orlas, não usando máscara e promovendo encontros –, é possível que cresça o quantitativo de admissões de cidadãos contaminados pelo novo coronavírus. Caso isso aconteça, os prejuízos não se limitariam à assistência dada pela rede hospitalar, mas, principalmente, aos danos à qualidade da saúde da população, pois alguns terão que conviver com sequelas.
“Estamos cumprindo com o nosso papel de prestar assistência à saúde diuturnamente. Mas, pedimos apoio, compreensão, solidariedade e empatia nesse momento. Agora não é hora de sair de casa sem necessidade! É imprescindível continuar com a higienização das mãos, com o uso das máscaras e com o distanciamento social. É compreensível o cansaço com essa situação, mas ninguém pode abaixar a guarda. As vacinas estão chegando, vamos ter mais paciência e acreditar que, com a colaboração de todos, podemos superar essa fase difícil”, encorajou o gestor do HGE.
Em tempo, também é válido o reforço na prevenção acidentes (atenção no trânsito, eliminação de risco de quedas em casa, cautela durante o cozimento de alimentos etc.), na diminuição no consumo de alimentos e bebidas nocivas à saúde e no banimento de vícios – como o cigarro. A adoção dessas condutas fortalece o sistema imunológico do indivíduo, que, aliada a uma alimentação saudável, pode ajudar na diminuição da procura por atendimento médico nas unidades de saúde.