Macia, com cabo reto e achatado, cabeça compatível com a idade do usuário, 18 tufos com 80 cerdas em cada um e 1.440 cerdas no total.
Estes são os requisitos básicos para que uma escova de dentes manual cumpra o seu papel de garantir uma boa escovação sem causar danos aos tecidos da boca.
A conclusão é de pesquisadores da USP, que analisaram 345 modelos do produto. O objetivo era identificar e analisar as normas e exigências técnicas para a produção e comercialização das escovas de dentes, de modo que o consumidor tenha acesso a um produto seguro, sem prejuízos à saúde e com características macro e microscópicas adequadas ao uso.
Nas análises gerais, em que foram examinados o formato do cabo e o da cabeça, mais de 70% das escovas foram consideradas adequadas ao uso. Contudo, em relação ao número total de cerdas, 63,5% delas estavam inadequadas.
Mas a grande surpresa veio das observações microscópicas. Quando as pontas das cerdas e ausência de dilaceramentos foram avaliadas, 82% dos produtos foram reprovados.
“A ponta tem que ser arredondada, não tem desconto para isso, e o que a gente enxergou foram cerdas dilaceradas,” contou a professora Sônia Pestana.
Melhores normas e mais fiscalização
Como a escova de dentes é um item utilizado em praticamente todo o mundo, o senso comum é que este é um instrumento que incorpora tecnologia segura, boas práticas industriais e que, portanto, os produtos à venda são seguros para uso humano.
“Assim, encontrar que mais de 82% dos modelos não atendem aos requisitos básicos – incluindo aqueles produzidos por marcas reconhecidas no mercado como sinônimo de qualidade – foi um resultado surpreendentemente muito negativo,” disse o professor Paulo Capel Narvai.
Segundo a equipe, estes resultados indicam fragilidade nos procedimentos regulatórios vigentes no País, além de implicar riscos para a saúde da população. “Temos um problema grave de saúde pública. Se existem normas, ou elas não são cumpridas, ou são frágeis. Cabe aos órgãos governamentais tomarem providências,” disse Sônia.