Na quinta, dia 8, foi anunciada pela Administração Nacional de Atmosferas e Oceanos (NOOA – sigla em inglês), a formação do El Niño no Brasil. Este é um fenômeno climático que se caracteriza pelo aquecimento anormal da superfície da água do Oceano Pacífico, ou seja, acima da média, e por um longo período de tempo.
O fenômeno não tem um período de duração definido, mas pode persistir até 2 anos ou mais. Ele é classificado por faixas e aqui no Brasil, a faixa que influencia o nosso país é a 3.4.
Segundo o NOOA, o último El Niño ocorreu de 2018 a 2019. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Brasil estava num período neutro, que nem El Niño e nem El Niña se formam, mas nessa semana foi confirmada a atuação do fenômeno El Niño aqui no país e que ele deve durar até o próximo verão.
A especialista do Inmet Andrea Ramos explica por que esse fenômeno acontece. “Durante a formação do El Niño, o comportamento dos ventos alísios tem um papel fundamental. Esses ventos são constantes que vêm tanto do Hemisfério Sul quanto do Hemisfério Norte. Normalmente, os ventos interferem no Oceano Pacífico e ele empurra as águas da superfície oeste. No entanto, quando esses ventos alísios estão enfraquecidos ou interferem a direção, essa troca de água não ocorre, e as mais quentes permanecem por mais tempo paradas na superfície, podendo chegar até em torno de 3ºC acima da média, formando assim o El Niño”.
No Brasil, esse fenômeno climático é responsável por alterar a distribuição de umidade e as temperaturas em diversas áreas do mundo e, dessa maneira, ocasiona secas prolongadas na região Norte e Nordeste e chuvas intensas na região Sul, acrescenta a meteorologista do Inmet. “Isso ocorre porque a água da superfície do pacífico está muito mais quente do que o normal [e] evaporar com mais facilidade. Ou seja, ar quente sobe para atmosfera mais alta, levando umidade e formando uma grande quantidade de nuvens de chuva”.
O fenômeno ainda não está definido com um Super El Niño, classificação mais intensa desse fenômeno, mas o Instituto de Meteorologia do Brasil já está em monitoramento para acompanhar possíveis alterações. Os últimos três Super El Niños que ocorreram na história ocorreram em 1982 / 1983, o segundo em 1997 / 1998 e o 3º em 2015 e 2016. O Inmet prevê que em 2023, o volume de chuvas deve voltar a ser intenso, principalmente na região Sul do país, como foi em 2015, em Porto Alegre e Guaíba (RS).