Despejo de usinas falidas do pai de Thereza Collor ameaça 10 mil pessoas do MST, diz site

 Data: 25/01/2024 às 18:59

Milhares de pessoas ocupam parte das terras das usinas falidas que pertenciam ao ex-deputado João Lyra, cuja herança é alvo de disputa

Despejo de usinas falidas do pai de Thereza Collor ameaça 10 mil pessoas do MST

Há uma década, pelo menos 3 mil famílias (cerca de 10 mil pessoas) do Movimento Sem Terra (MST) ocupam parte das terras das usinas falidas Laginha e Guaxuma, anteriormente pertencentes ao ex-deputado federal João Lyra, localizadas em Alagoas. As informações são do colunista do UOL Carlos Madeiro.

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Despejo de usinas falidas do pai de Thereza Collor ameaça 10 mil pessoas do MST

De acordo com a reportagem, trabalhadores que levaram calotes das empresas de Lyra montaram comunidades rurais no local. Entretanto, agora eles têm o risco de ser despejados, após decisões de desocupação que vêm sendo dadas pela Justiça.

Os representantes da herança de Lyra afirmam que há vários tipos de ocupações irregulares das terras que eram do grupo. Já o MST afirma que a maioria das famílias ocupantes tem ex-trabalhadores, que ficaram sem emprego e sem pagamento após o fechamento das usinas.

O movimento informou que chegou a um acordo: eles deixaram a usina Uruba, em Atalaia, permitindo que ela retomasse suas atividades. Em contrapartida, receberiam a promessa de destinação de 1,5 mil hectares de terra da usina Guaxuma e os 11 mil hectares da usina Laginha para a realização da reforma agrária das famílias assentadas. No entanto, essa última parte do acordo é contestada pela massa falida.

Entenda a ‘briga’ pela herança
Thereza Collor, ex-cunhada do ex-presidente Fernando Collor e uma das herdeiras de João Lyra — ex-deputado federal mais rico do País –, está sendo processada pela irmã e empresária Maria de Lourdes Lyra, conhecida como Lourdinha Lyra. Na queixa-crime, aberta neste ano, ela acusa a irmã de calúnia e difamação. 

A ação é retratada como mais um capítulo da “guerra” travada entre os filhos de Lyra pela herança bilionária do pai, que morreu aos 90 anos em decorrência da covid-19, em agosto de 2021.

Lourdinha foi designada como inventariante do espólio do ex-deputado. Na mesma época, as empresas passaram por uma grave crise econômica, e logo após a morte dele, a empresária deu entrada no processo de falência de uma das empresas, a Laginha Agro Industrial S/A, um conjunto de usinas em Alagoas e Minas Gerais. Em 2017, estava avaliada em 1,9 bilhão (cerca de R$ 2,7 bilhões em valores atuais), e a ação chegou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como o maior processo desse gênero do País.

Entre os herdeiros da fortuna estão seis filhos. Destes, quatro deles afirmam ter perdido a confiança em Lurdinha, conforme aponta o colunista. “No bojo do processo judicial, em torno da massa falida, travou-se uma verdadeira guerra entre alguns dos herdeiros do ex-parlamentar e a senhora Maria de Lourdes”, diz um trecho da queixa-crime.

Facebook Usina Laginha

Desde que ingressaram no processo da Laginha, quatro irmãos já pediram à Justiça a retirada de Lourdinha da função de inventariante, entre abril de 2022 e agosto de 2023. Todos foram negados pela Justiça, e Lurdinha se mantém como inventariante.

Despejo de usinas falidas do pai de Thereza Collor ameaça 10 mil pessoas do MST

Segundo a coluna, o que motivou a empresária a entrar com a ação contra Thereza foram as declarações na imprensa. Em julho de 2023, Thereza declarou à Veja que a gestão da irmã não tinha preparo para tal, e estaria impondo “custos astronômicos” com contratos de processo de longa duração “na contramão do que deve ser a falência.”

Ela também afirmou que “são preocupantes as ligações profissionais e econômicas entre os assessores jurídicos e financeiros”. Em novembro, ela disse à revista IstoÉ que a gestão do inventário e de falência tem “parcerias suspeitas”.

O Terra entrou em contato com o advogado de Lurdinha, Ronald Pinheiro, que afirmou que, no momento, a família irá se resguardar, e todos os pronunciamentos serão feitos no bojo dos autos.

A reportagem também tentou contato com Thereza Collor, mas não obteve retorno até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.

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