Comidas não saudáveis prejudicam o sono profundo

Por: Diário da Saúde  Data: 06/06/2023 às 07:07

Vários estudos epidemiológicos demonstraram que o que comemos está associado a alterações no nosso sono. No entanto, poucos estudos investigaram como a própria dieta afeta diretamente o sono.

O pesquisador brasileiro Luiz Eduardo Brandão, atualmente fazendo pesquisas na Universidade de Uppsala (Suécia), teve então uma ideia inusitada: Colocar cada participante individual para comer diferentes dietas em ordem aleatória, e então medir a qualidade do seu sono.

Os resultados foram conclusivos: Uma dieta não saudável piorou significativamente a qualidade do sono profundo dos voluntários, em comparação com quando eles seguiam a dieta mais saudável.

As duas dietas continham o mesmo número de calorias, ajustadas às necessidades diárias de cada indivíduo. Entre outras coisas, a dieta não saudável continha um maior teor de açúcar e gordura saturada e mais alimentos processados. Cada dieta foi consumida por uma semana, e os horários de sono, atividade e refeição dos participantes foram monitorados individualmente em um laboratório do sono.

Problemas no sono profundo
Nas duas dietas, os participantes passaram a mesma quantidade de tempo nas diferentes fases do sono, mas a equipe se concentrou em analisar a qualidade do sono profundo, mais especificamente a atividade das ondas lentas, uma medida que pode refletir o quão restaurador é o sono profundo.

“Curiosamente, vimos que o sono profundo apresentou menos atividade de ondas lentas quando os participantes comeram junk food, em comparação com o consumo de alimentos mais saudáveis. Esse efeito também durou uma segunda noite, quando mudamos os participantes para uma dieta idêntica. Essencialmente, a dieta pouco saudável resultou em um sono profundo mais superficial.

“É importante observar que mudanças semelhantes no sono ocorrem com o envelhecimento e em condições como a insônia. Pode-se supor, do ponto de vista do sono, que potencialmente deveria ser atribuída maior importância à dieta nessas condições,” disse o professor Jonathan Cedernaes, que orientou a pesquisa.