Combinação de remédios pode ajudar no combate da covid, aponta estudo da Fiocruz

Por: Canal Tech  Data: 23/03/2022 às 18:30

Cientistas brasileiros e norte-americanos testaram, em laboratório, se a combinação de diferentes antivirais pode combater o avanço da covid-19. De acordo com os testes em culturas de células, a estratégia é promissora, já que consegue impedir processos e afetar diferentes elementos presentes na replicação viral, como as enzimas polimerase e exonuclease.

Publicado na revista científica Communications Biology, o estudo apontou que os inibidores da polimerase e da exonuclease, quando combinados, impedem que o vírus se reproduza nas células infectadas. A pesquisa com os dois tipos de medicamento foi liderada por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Columbia, nos Estados Unidos.

“Este estudo apoia o uso de medicamentos combinados que inibem a polimerase e a exonuclease do SARS-CoV-2 para um tratamento eficaz contra a covid-19”, escrevem os autores. De forma combinada, os antivirais testados podem, potencialmente, diminuir em dez vezes mais a replicação do vírus do que separadamente.

Entenda a combinação de remédios contra a covid
“Nós estudamos inibidores de uma enzima essencial para a biologia do SARS-CoV-2, a exonuclease, que permite maior estabilidade genética ao vírus e o ajuda a selecionar variantes virais, como aquelas que escapam das respostas imunes do organismo, por exemplo”, explica Thiago Souza, pesquisador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), em comunicado. “A exonuclease seleciona o conjunto genético mais abundante do vírus e permite que cópias desse conjunto sejam replicadas, isso tudo em cooperação com outra enzima, a polimerase”, detalha.

“Ao combinarmos os medicamentos que já eram conhecidos inibidores da RNA polimerase com as substâncias reposicionadas para bloquear a exonuclease, tivemos resultados promissores que merecem investigações aprofundadas do ponto de vista clínico”, completa Souza.

Agora, a equipe planeja investigar se as descobertas podem ser demonstradas em um modelo animal (pré-clínico). Caso os resultados continuem a ser promissores, a pesquisa deve seguir para ensaios clínicos. O processo deve ser relativamente simples, porque os medicamentos estudados já foram aprovados para tratar outras infecções, como o Daclatasvir e o Velpatasvir.

Vale explicar que estudo foi conduzido e coordenado por pesquisadores da Columbia Chemical Engineering e do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/ Fiocruz). Também participam da pesquisa o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o Memorial Sloan Kettering Cancer Center e a Rockefeller University.