Apenas no primeiro semestre de 2025, a empresa detectou mais de 2.600 irregularidades, com mais de 28 mil fiscalizações realizadas em 34 cidades

O combate às fraudes continua sendo um dos maiores desafios da Conasa Águas do Sertão no interior alagoano. Entre janeiro e julho de 2025, as equipes intensificaram as ações contra ligações irregulares de água. Os números revelam a dimensão do problema: mais de 28 mil fiscalizações nas 34 cidades atendidas resultaram na identificação de 2.600 fraudes que comprometiam o abastecimento da população.
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Combate aos 'gatos de água' segue como um dos grandes desafios da Conasa Águas do Sertão no interior de Alagoas
Os casos encontrados mostram a diversidade das irregularidades, que vão desde residências de alto padrão até esquemas comerciais de venda ilegal de água e irrigação clandestina. As fraudes não respeitam classe social nem localização, representando um desafio constante para garantir distribuição justa e eficiente em toda a região.
Em São Miguel dos Campos, por exemplo, no loteamento Rui Palmeira, foram descobertas fraudes em três residências de valor elevado, onde os proprietários burlaram o sistema de medição.
Em Dois Riachos, o caso foi ainda mais grave: um imóvel com ligação clandestina possuía cisterna e comercializava água ilegalmente no município. O estabelecimento mantinha desvio ativo e abastecia terceiros, configurando não apenas furto, mas também atividade comercial irregular que prejudicava o sistema público e a concorrência.
"A água é um bem público, e fraudes como essas prejudicam o abastecimento e penalizam a todos. A legislação brasileira considera o desvio um crime, com penas de 1 a 4 anos de reclusão", explica Heron Lima, engenheiro e gerente de eficiência operacional da Conasa Águas do Sertão.
Impacto no abastecimento público
As 2.600 fraudes detectadas em sete meses representam prejuízo significativo para o sistema das 34 cidades atendidas. A estimativa é de que cerca de 40 milhões de litros por mês estejam sendo economizados após a correção das irregularidades, volume suficiente para abastecer mais 2600 famílias mensalmente. Cada ligação clandestina compromete a pressão da rede e consome água de forma oculta, prejudicando famílias que pagam corretamente e dependem de fornecimento estável.
A situação se agrava considerando o clima da região, onde a escassez hídrica é constante e a gestão eficiente dos recursos é fundamental.
"Todos os moradores são prejudicados pelas ligações clandestinas, já que elas despressurizam a rede e consomem de forma oculta o volume disponível", afirma Antonio Hercules Neto, diretor da empresa. "Além disso, quem tem 'gato' não se preocupa em consumir conscientemente para evitar desperdício."
Combate aos 'gatos de água' segue como um dos grandes desafios da Conasa Águas do Sertão no interior de Alagoas

Campanha de autodenúncia oferece regularização sem multa
Paralelamente às fiscalizações intensivas, a Conasa mantém uma campanha permanente de autodenúncia que permite regularizar ligações clandestinas sem multa. A iniciativa busca conscientizar sobre a importância do uso correto dos serviços e oferece oportunidade de correção voluntária sem penalidades.
A campanha representa abordagem educativa e preventiva, reconhecendo que muitas irregularidades podem ter origem no desconhecimento das normas ou em situações herdadas. A empresa demonstra compromisso não apenas com punição, mas principalmente com educação e regularização.
Clientes com ligações clandestinas podem entrar em contato pelo 0800 000 2122, disponível também via WhatsApp, ou pelo aplicativo para Android e iOS. O atendimento aceita denúncias anônimas, fortalecendo a colaboração comunitária no combate às fraudes.
"Consideramos uma questão de justiça social que todos paguem igualmente pelos serviços de abastecimento e esgotamento sanitário", completa o diretor.
Penalidades e consequências legais
As ligações clandestinas descobertas pelas equipes estão sujeitas a multas entre R$ 472,93 e R$ 2.482,91, mais até 12 vezes o consumo retroativo mínimo da categoria. Além das penalidades administrativas, o desvio de água é crime de furto qualificado por fraude, conforme artigo 155, § 4º, inciso II, do Código Penal.
Em casos graves, como venda ilegal de água, as irregularidades podem ser classificadas como atentado contra serviço de utilidade pública ou dano qualificado, com penalidades mais severas. A legislação reconhece a gravidade dessas práticas e estabelece punições proporcionais ao impacto social.
Perspectivas para o segundo semestre
Com os números expressivos do primeiro semestre de 2025, a Conasa planeja intensificar as fiscalizações no segundo semestre, ampliando a cobertura das inspeções e aprimorando os métodos de detecção. A empresa reforça que a colaboração da população é fundamental para identificar e combater essas práticas ilegais.
"A meta é não apenas detectar e corrigir fraudes existentes, mas criar uma cultura de uso consciente dos serviços de água, garantindo que todos tenham acesso a abastecimento justo, eficiente e sustentável", conclui Antonio Hercules.
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