Os habitantes terão ido para províncias vizinhas levando consigo o vírus que já matou mais de 800 pessoas
Cerca de cinco milhões de pessoas conseguiram fugir de Wuhan, na província chinesa de Hubei, antes de a cidade ser posta em quarentena por ser o epicentro do surto de coronavírus. Quem conseguiu fugir terá levado consigo o vírus que já matou mais de 800 pessoas para as províncias vizinhas.
Durante várias semanas depois dos primeiros relatos de um misterioso novo vírus em Wuhan, milhões de pessoas saíram da cidade em autocarros, comboios e mesmo aviões. As autoridades só acabaram por fechar as fronteiras a 23 de janeiro, mas nessa altura já era demasiado tarde.
“É definitivamente tarde demais”, diz Jin Dong-Yan, um virologista molecular da escola de ciências biomédicas da Universidade de Hong Kong. “Para combater o surto temos de lidar com isto. Por um lado temos de os identificar, por outro precisamos de ter cuidado com o estigma e a descriminação”, acrescentou citado pelo Daily Mail.
Alguns dias depois de a cidade ter sido posta em quarentena, o autarca da cidade falou com os jornalistas e deu conta dos números. Agora, uma análise feita aos padrões de viagens domésticas feitas naquela altura, com recurso a dados fornecidos pela gigante tecnológica chinesa Baidu, mostra que duas semanas antes do encerramento de Wuhan, cerca de 70% das viagens feitas eram originárias da província de Hubei.
As cidades fora da província que mais receberam habitantes de Wuhan, entre 10 e 24 de janeiro, foram Chongqing, Pequim e Xangai. A maioria dos casos confirmados e mortes registadas na China devido ao vírus ocorreram na província de Hubei, com grandes focos de infeção em Chongqing, Pequim e Xangai também.
O número de mortes resultante do surto de pneumonia causado pelo novo coronavírus (2019-nCoV) ascende a 813, das quais 811 na China continental, onde o número de infetados ultrapassa os 37 mil. O novo balanço já ultrapassa o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
Até agora, as duas únicas mortes provocadas pelo novo coronavírus registadas fora da China continental aconteceram nas Filipinas e em Hong Kong.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), que declarou a 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, indicou no sábado que os casos de contágio revelados diariamente na China estão a estabilizar, mas sublinhou que era cedo para concluir que a epidemia atingiu o seu pico.