Caixa quer arrecadar 15 bi com abertura de capital

Por: Redação / Divulgação  Data: 27/03/2019 às 10:25

A Caixa Econômica Federal tem como plano a abertura do capital de quatro de suas subsidiárias. O plano inicial, de acordo com Pedro Guimarães, presidente da Caixa, é comercializar ações das empresas da Caixa que atuam na área de cartões, seguros, loterias e gestão de ativos.

A operação de abertura de capital será dividida em duas etapas. Inicialmente, estarão envolvidas no processo a Caixa Seguradora e a Caixa Cartões, sendo que esta etapa será realizada entre setembro e dezembro deste ano. A segunda fase contará com a abertura de capital da Caixa Loterias e da Caixa Asset (empresa de gestão de ativos) A ideia é que este processo ocorra entre janeiro e abril de 2020.

O valor total que se espera arrecadar com este processo de abertura de capital das subsidiárias é na faixa de R$ 15 bilhões. Guimarães também afirma que espera obter cerca de R$ 3,5 bilhões com o corte de despesas. Outras formas de lucro também estão sendo avaliadas, uma delas é o lançamento de um produto de apostas esportivas de cota fixa.

Há ainda outros planos do banco em gerar capital. A Lei 13.756/18, promulgada pelo ex-presidente Michel Temer no final do seu mandato, regulamenta apostas esportivas no país. Em breve, não só a Caixa lançará um produto deste tipo mas sim várias outras empresas privadas. De uma maneira geral, impostos gerados com as apostas esportivas no Brasil podem alcançar cerca de R$ 1 bi anual.

Mais brasileiros precisam investir na bolsa
Apenas cerca de 800 mil brasileiros investem na bolsa, este valor representa menos de 0,4% da população. De acordo com Guimarães, em países desenvolvidos este valor chega a 25%, e é ideal que o brasileiro perca o medo de rendas variáveis e comece a dedicar uma fração dos seus recursos para este setor.

Alguns analistas apontam que o brasileiro está mal acostumado com os investimentos de renda fixa. Há apenas alguns anos era possível investir e obter um retorno de 1% ao mês. Quem tinha R$ 1 milhão investido em fundos de renda fixa tinha uma rentabilidade de R$ 10 mil por mês. No mercado americano, por outro lado, quem investe os mesmos R$ 1 milhão recebe apenas R$ 100 por mês de rentabilidade.

Foi exatamente este cenário que forçou os americanos a buscarem os mercados de renda variável. Mas, no Brasil, o cenário histórico de juros altos fez com que os brasileiros se acomodassem. Ainda assim, quem arrisca o mercado de ações consegue faturar muito mais do que quem foge do mesmo. Enquanto investimentos de renda fixa tem rentabilidade inferior à 10%, alguns fundos de renda variável possuem rentabilidade que superam os 20% ao ano.

Guimarães afirmou que um dos objetivos da Caixa será aumentar o percentual de brasileiros que investem em ações. “Vamos fazer uma oferta minoritária. E queremos envolver o varejo.[…]  Nos países desenvolvidos, são 25% (que investem em ações). Se a gente fosse parecido com a média desses países, seriam mais de 50 milhões de brasileiros investindo. Queremos aumentar o número de brasileiros que investem em ações”, é o que afirma o presidente da estatal.

Mas a verdade é que, para garantir que o brasileiro decida investir mais na bolsa, é essencial que se trabalhe na educação financeira. A aversão ao risco é algo que pode ser considerado uma consequência da falta de conhecimento do mercado. “Até mesmo o Tesouro Direto assusta porque tem custódia. É preciso explicar o que é isso para o investidor” é o que afirma Andrew Frank Storfer, ex-diretor executivo da Anefac.

Na bolsa a situação é ainda pior, isso porque é necessário entender operações mais complexas e nomenclaturas, muitas vezes, em outras línguas como o inglês. De qualquer forma, quem decidir por investir em subsidiárias como a Caixa Loterias verá que a Mega-Sena é apenas uma das maneiras de conseguir auferir ganhos com a Caixa. E o melhor: na bolsa as chances de sucesso são certamente maiores do que a probabilidade de acertar os seis números da Mega.