João Lyra chegou aos 90 anos vendo o império que construiu durante sua vida desmoronar. A Laginha Agroindustrial S/A move um dos maiores processos de falência da história: são 19 mil credores à espera de R$ 1,2 bilhão.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, apenas as dívidas com bancos chegam a R$ 665 milhões; os 547 processos judiciais inscritos têm 104 mil páginas. A dívida ativa inscrita na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) é de RS$ 1,97 bilhão. Ao todo, o grupo deve mais de RS$ 3 bilhões.
João Lyra foi conhecido como o deputado federal mais rico da Câmara dos Deputados. Em 2010, declarou patrimônio de RS$ 240 milhões.
Para entender como a bola de neve chegou a este tamanho, é preciso entender o poder político de Lyra em seu estado natal, Alagoas. Oito de 15 desembargadores do TJ-AL declararam-se suspeitos para julgar o processo. Responsável pelo caso desde janeiro de 2019, o desembargador Kléver Loureiro é acusado de parcialidade nas decisões, supostamente em favor da família de Lyra. O comitê de credores acionou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Aguardando há alguns anos o desenrolar do caso, trabalhadores ocuparam as terras das usinas falidas à espera de uma desapropriação. Apuração do UOL, em 2018, mostra que havia 10 mil pessoas vivendo no latifúndio abandonado.