Alexandre de Moraes vota pela descriminalizaĆ§Ć£o do porte de maconha

Por: AgĆŖncia Brasil  Data: 02/08/2023 Ć s 20:30

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou hoje (2) a favor da descriminalizaĆ§Ć£o do porte de maconha para consumo pessoal. 

Alexandre de Moraes vota pela descriminalizaĆ§Ć£o do porte de maconha
Alexandre de Moraes vota pela descriminalizaĆ§Ć£o do porte de maconha (foto: reproduĆ§Ć£o)

Alexandre de Moraes vota pela descriminalizaĆ§Ć£o do porte de maconha

Pelo voto do ministro, deve ser considerado usuĆ”rio quem portar entre 25 a 60 gramas de maconha ou seis plantas fĆŖmeas de cannabis. AlĆ©m disso, a JustiƧa tambĆ©m poderĆ” avaliar as circunstĆ¢ncias de cada caso para verificar eventual situaĆ§Ć£o que possa configurar trĆ”fico de drogas. 

O julgamento sobre o porte de drogas foi retomado nesta tarde com o voto do ministro, que, em 2015, pediu vista (mais tempo para analisar o caso) e suspendeu o julgamento.  A sessĆ£o continua para a tomada dos votos dos demais ministros. 

O Supremo julga a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei das Drogas (Lei 11.343/2006). Para diferenciar usuĆ”rios e traficantes, a norma prevĆŖ penas alternativas de prestaĆ§Ć£o de serviƧos Ć  comunidade, advertĆŖncia sobre os efeitos das drogas e comparecimento obrigatĆ³rio a curso educativo para quem adquirir, transportar ou portar drogas para consumo pessoal.

A lei deixou de prever a pena de prisĆ£o, mas manteve a criminalizaĆ§Ć£o. Dessa forma, usuĆ”rios de drogas ainda sĆ£o alvos de inquĆ©rito policial e processos judiciais que buscam o cumprimento das penas alternativas. 

Moraes avaliou que a lei aumentou o nĆŗmero de presos por trĆ”fico de drogas e gerou “um exĆ©rcito para as facƧƵes criminosas”. O ministro informou que dados oficiais mostram que 25% dos presos no Brasil (201 mil) respondem por trĆ”fico de drogas.

“Isso gerou o fortalecimento das facƧƵes no Brasil. A aplicaĆ§Ć£o da lei gerou aumento do poder das facƧƵes no Brasil. Aquele que antes era tipificado como usuĆ”rio, quando despenalizou, o sistema de persecuĆ§Ć£o penal nĆ£o concordou com a lei e acabou transformando os usuĆ”rios em pequenos traficantes. O pequeno traficante, com a nova lei, tinha uma pena alta e foi para sistema penitenciĆ”rio. Jovem, primĆ”rio, sem oferecer periculosidade Ć  sociedade, foi capturado pelas organizaƧƵes criminosas”, comentou.

O ministro tambĆ©m defendeu a definiĆ§Ć£o de limites de quantidade de drogas para diferenciar usuĆ”rios e traficantes. 

“Hoje, o trĆ”fico de drogas em regiƵes abastadas das grandes cidades do paĆ­s Ć© feito por delivery. HĆ” aplicativos que a pessoa chama e, assim como o IFood leva comida, leva a droga”, completou.

AlĆ©m da quantidade, Moraes tambĆ©m disse que devem ser levadas em conta as circunstĆ¢ncias das apreensƵes para nĆ£o permitir discriminaĆ§Ć£o entre classes sociais. 

“Quanto mais velho e mais instruĆ§Ć£o, mais difĆ­cil ser caracterizado como traficante”, afirmou.

Votos
Nas sessƵes anteriores , os ministros LuĆ­s Roberto Barroso, Edson Fachin e Gilmar Mendes se manifestaram a favor da descriminalizaĆ§Ć£o da posse de drogas, mas em extensƵes diferentes.

Mendes descriminaliza o porte para todas as drogas e transforma as sanƧƵes penais em administrativas. Fachin entende que a descriminalizaĆ§Ć£o vale somente para maconha. Barroso tambĆ©m estende a descriminalizaĆ§Ć£o somente para maconha e fixa a quantidade de 25 gramas ou seis plantas fĆŖmeas de cannabis.