A fome atinge três em cada 10 famílias no Brasil. É o que mostram os dados do 2º Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (Vigisan), da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan), divulgados ontem, dia 14.
De acordo com o levantamento, com a escalada da fome durante a pandemia, em 2022, 33,1 milhões de pessoas relataram não ter o que comer.
O número de pessoas com fome corresponde a 15,5% da população brasileira. Esta parcela da população vive insegurança alimentar grave, quando há privação no consumo de alimentos e fome. Outros 15,2% vivem insegurança alimentar moderada, quando não há quantidade suficiente de alimentos. Além disso, 28% dos brasileiros passam por insegurança alimentar leve, quando há incerteza quanto ao acesso à comida em um futuro próximo.
A pesquisa foi realizada com dados coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022.
Regiões
A maior proporção de famílias nessa situação está nas regiões Norte e Nordeste do país. Alagoas é o estado em que os casos de insegurança alimentar grave são mais frequentes, atingindo 36,7% das famílias pesquisadas.
Segundo o estudo, outro estado com situação agravante é o Amapá, onde 32% da população não tem o que comer. Na sequência, estão Pará e Sergipe, ambos com 30% da população atingida.
Renda
O estudo mostra que, mesmo com a criação de programas como o Auxílio Brasil, 58,2% da população com renda de até meio salário mínimo ainda sofre com insegurança alimentar moderada ou grave.
Entre os que recebem mais de meio salário mínimo ou um salário mínimo inteiro, a porcentagem de insegurança alimentar moderada e grave é de 21,8%.
“Já não fazem mais parte da realidade brasileira aquelas políticas públicas de combate à pobreza e à miséria que, entre 2004 e 2013, reduziram a fome a apenas 4,2% dos lares brasileiros. As medidas tomadas pelo governo para contenção da fome hoje são isoladas e insuficientes, diante de um cenário de alta da inflação, sobretudo dos alimentos, do desemprego e da queda de renda da população, com maior intensidade nos segmentos mais vulnerabilizados”, avalia Renato Maluf, Coordenador da Rede Penssan.