Agricultora volta à escola aos 54 anos e chora de emoção

Por: SNB com Los Andes  Data: 24/03/2023 às 11:13

Sempre é tempo de recomeçar! Aos 54 anos, uma agricultora quer aprender a ler e escrever e chora de emoção com a oportunidade que teve somente agora. Ela desistiu dos estudos ainda jovem para poder trabalhar na plantação de cana-de-açúcar e ajudar a família. A oportunidade para voltar aos estudos veio e a avó de 10 netos não conteve a emoção.

Francisca Domínguez posou para foto, usando uniforme, e ao lado das professores. Ela tem um sonho: aprender a ler poemas!

Moradora de Salto a 1.466 km de Buenos Aires, na Argentina, Francisca não teve tempo para pensar nos estudos. E i desejo de ler e escrever foi crescendo dentro dela. Então, ela se matriculou num curso de alfabetização para adultos e mudou a vida.

Infância árdua
A agricultora sempre sonhou em aprender a ler, mas sua infância foi apenas de trabalho árduo nas plantações. De sol a sol, Francisca trabalhava nas lavouras com os pais para que tivessem o que comer.

O tempo passou, a mulher cresceu e os estudos foram deixados de lado mais uma vez quando ela se casou. Ainda colhendo frutas e vegetais, Francisca teve quatro filhos e o sonho foi ficando de lado.

E a vida foi mais dura quando seu marido teve um acidente lhe deixando inválido. Dessa forma, Francisca, que hoje é avó de 10 netos, teve que segurar as pontas mesmo sem saber ler e escrever.

“Não saber ler é triste e doloroso porque a gente fica isolado”, lamentou.

Incentivo
Francisca encontrou nos filhos a motivação que precisava para mudar o rumo da sua história. Ao achar um folheto caído no chão, Francisca procurou saber o que era e pediu informações para um de seus filhos.

“Um dia, com meus filhos já adultos, encontrei um folheto com a imagem de uma escola. Levei-o a um dos meus meninos para que ele me contasse o que dizia e ele me incentivou a ir à escola. Foi assim que comecei”, contou.

Instigada a percorrer seu sonho de aprender a ler, a agricultora resolveu procurar saber se haviam cursos de alfabetização para pessoas mais velhas na cidade onde mora.

“No começo fui para o [colégio] María Auxiliadora, mas ele fechou as portas e resolvi continuar a busca para ver por onde ir”, lembrou Francisca, que se inscreveu na escola Cebja 3-128 Marilin Penna de Ferro.

Atualmente ela frequenta uma sala de aula que pertence à associação “Apoyo Familiar Mendoza”, entidade que cede o espaço para a instituição educacional. Ela conseguiu, viva!

Primeira aula
Em 27 de fevereiro, foi o primeiro dia de aula de Francisca. Ainda está nas primeiras lições que a levarão a ler e escrever. Empolgada, a agricultura garante que irá conseguir! Francisca comentou que sua cabeça “liga e desliga permanentemente”. 

“Além disso, embora nunca falte à escola, tenho muito que fazer em casa, cuidar do meu marido e continuar o meu trabalho na roça”, esclareceu.

Usando o lindo uniforme azul, a agricultora começou o primeiro dia de aulas, do segundo ano, chorando de alegria pela conquista de finalmente poder aprender a ler e escrever.

“Na segunda-feira [27/03] meu coração estava pulando de alegria. Desde criança eu queria estudar e não consegui. Eram tempos diferentes. Hoje ainda está difícil, mas não vou desistir. Sonho em ler poesias, livros, cartazes e revistas”, acrescentou.