A viagem do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao Egito virou objeto de críticas da oposição e até de aliados. Não por causa da missão, mas pela forma com que o presidente eleito desembarcou no país africano. Lula, sua esposa, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad voaram em um jatinho do empresário José Seripieri Junior, amigo do petista.
O empresário, que fundou em 1997 a Qualicorp, operadora de planos de saúde da qual se desligou em 2019, foi preso em junho de 2020, em operação da Polícia Federal que apurava pagamentos ilícitos à campanha do senador José Serra (PSDB-SP).
Seripieri foi solto quatro dias depois. Os investigadores apontaram indícios de que a Qualicorp havia fraudado contratos para dissimular repasses à campanha do tucano.
Lula já passou o réveillon em uma mansão do empresário em Angra dos Reis (RJ). Seripieri cedeu em outras oportunidades um helícóptero e um jatinho para o transporte do ex-presidente. E foi um dos convidados do casamento do petista com Janja este ano.
O dono do avião que levou Lula ao Egito declarou à Justiça eleitoral ter feito duas doações que somam R$ 1,1 milhão ao PT durante a campanha eleitoral de 2022. Ele também é próximo de Alckmin. Era da empresa dele o helicóptero pilotado por Thomaz Alckmin, filho do vice-presidente eleito, que caiu em 2015, matando o caçula do ex-governador paulista.
Ao ser preso em 2020, Seripieri fez delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Na ocasião, ele se comprometeu a pagar uma multa de R$ 200 milhões.
Parlamentares da oposição criticaram a relação do presidente eleito com o empresário. Alguns aliados de Lula admitiram, reservadamente, que a carona causou um desgaste que poderia ter sido evitado pelo petista, já que ressuscita limites éticos na relação entre um presidente da República e um empresário.
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), minimizou as críticas. “A informação que eu tenho é que o proprietário está indo junto. Não tem empréstimo”, afirmou.