A automedicação, ou seja, o uso de medicamentos sem orientação do médico, pode trazer diversas consequências para a saúde, como mascarar os sintomas de doenças já existente ou promover o agravamento da sua causa. Além disso, usar remédios sem indicação médica pode ainda provocar hemorragias, favorecer alterações no fígado ou nos rins e causar dependência.
Essas consequências tanto podem acontecer quando a pessoa toma o remédio sem conhecimento médico, como quando toma medicamentos indicados pelo médico, mas de forma diferente daquela que foi indicada, tomando uma dose superior ou encerrando o tratamento antes do previsto.
Para garantir que o uso de qualquer remédio é seguro, é fundamental que as orientações do médico sejam seguidas, uma vez que apenas o médico é capaz de indicar o remédio mais indicado para o tratamento, a dose e o tempo de uso.
Algumas razões para não tomar medicamento sem orientação médica são:
1. Desenvolvimento de superbactérias
O uso de antibióticos por conta própria aumenta o risco da pessoa tomar um medicamento sem necessidade, ingerir a dose errada ou por menos tempo do que deveria, favorecendo o desenvolvimento de mecanismos de resistências pelos microrganismos, o que torna o tratamento mais complicado. Isso pode acontecer quando a pessoa toma antibióticos em forma de cápsulas, comprimidos, injeções ou até mesmo pomadas antibióticas.
2. Mascarar sintomas
Ao tomar analgésicos, anti-inflamatórios ou antipiréticos por conta própria, a pessoa pode disfarçar os sintomas que apresenta e por isso o médico pode ter mais dificuldade em diagnosticar a doença. Além disso, os anti-inflamatórios como Ibuprofeno podem causar gastrite, úlcera ou causar hemorragia digestiva, que podem não estar diretamente relacionados com a doença, sendo somente um efeito colateral do medicamento.
3. Danificar o fígado e os rins
O uso de remédios sem receita médica pode levar à intoxicação do fígado, porque precisam de ser metabolizados neste órgão, podendo-se acumular.
Os medicamentos também podem prejudicar o funcionamento do rins, que têm como função filtrar o sangue e excretar os produtos de metabolização dos medicamentos na urina. Apesar do funcionamento renal ser mais prejudicado em pessoas que já sofrem com problemas renais, isso também pode acontecer em pessoas aparentemente saudáveis.
4. Aumentar o risco de hemorragias
Alguns medicamentos de venda livre como os anti-inflamatórios não esteroides, podem causar hemorragia digestiva, especialmente em pessoas que têm um estômago mais sensível, por isso é melhor evitar sua ingestão desnecessária.
5. Provocar efeitos colaterais
Todos os medicamentos possuem efeitos colaterais, por isso, só devem ser utilizados caso sejam mesmo necessários ou recomendados pelo médico. Além disso, certos medicamentos não devem ser tomados ao mesmo tempo, nem quando são contraindicados, porque podem provocar ou exacerbar as reações adversas.
Por exemplo, pessoas com asma não podem tomar Ibuprofeno, que pode ser comprado sem receita porque podem sofrer com uma crise de asma, por exemplo. Já os remédios para pressão só devem ser usados após a indicação do cardiologista porque quando usados de forma indevida podem causar desequilíbrio eletrolítico, dor de cabeça, tontura e queda da pressão.
Além disso, podem ainda surgir reações alérgicas ao medicamento, o que pode levar ao surgimento de sintomas como dificuldade em respirar, bolinhas ou inchaço da pele, por exemplo.
6. Causar dependência
Alguns medicamentos como analgésicos, ansiolíticos ou antidepressivos, por exemplo, podem causar dependência e necessidade de doses cada vez maiores para atingir o mesmo objetivo. Por este motivo, só devem ser usados por indicação médica, devendo ser respeitada sua dosagem e a duração de tratamento.
7. Prejudicar a gravidez ou lactação
A maior parte dos medicamentos é contraindicada durante a gestação e amamentação, porque podem prejudicar o bebê causando mal-formação fetal ou problemas nos rins. Ao passar pelo leite, o medicamento é também ingerido pelo bebê, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças. Por isso, especialmente nessa fase, o uso de medicamentos só deve ser feito pela orientação do obstetra.
Como tomar remédios de forma segura
Para tomar os remédios de forma segura é fundamental que o médico seja consultado, para que seja indicado o remédio mais adequado, a forma de uso e o tempo de tratamento. É importante também não seguir as indicações de amigos ou familiares que tomaram medicamentos para sintomas semelhantes aos que a pessoa tem, uma vez que a causa da doença pode não ser a mesma, assim como a dose recomendada e o tempo de uso.
Caso surja dúvidas quanto à forma de uso do medicamento e possíveis efeitos adversos, é indicado consultar o médico e/ ou ler a bula do medicamento. Além disso, é importante evitar tomar outros medicamentos, remédios naturais ou chás ao mesmo tempo do tratamento, sem questionar o médico, pois em alguns casos pode ocorrer interação entre eles.
Além disso, mesmo no caso de remédios de venda livre que não têm tarja, deve-se pedir orientações para o farmacêutico para fazer a melhor escolha, e deve-se também manter o médico informado sobre o hábito de tomar determinado medicamento e a sua frequência.
Apesar de qualquer pessoa poder ter consequências como uso de medicamentos sem orientação médica, os riscos de desenvolver problemas graves de saúde são ainda maiores em:
- Bebês e crianças: porque na maioria dos casos os remédios variam com a idade e peso, podendo prejudicar o crescimento e desenvolvimento infantil quando é dada a formula errada ou uma quantidade exagerada;
- Idosos: porque tomam vários remédios para controlar diferentes doenças e o risco de interação é maior e porque alguns dos órgãos podem não funcionar tão bem;
- Indivíduos com doenças crônicas, como diabetes: porque pode diminuir o efeito do remédio para controlar a doença.
Por isso, o uso de medicamentos só deve ser usado sob orientação médica, mesmo que seja natural.
Quais são os medicamentos de venda livre
Apesar de alguns medicamentos poderem ser facilmente comprados sem receita médica, como o paracetamol, ibuprofeno ou alguns xaropes para a tosse por exemplo, não devem ser consumidos livremente e em excesso ou durante muitos dias, sempre que a pessoa tem uma tosse chata, uma dor de cabeça insistente ou dor nas costas, que se prolonga durante muito tempo.
A dor é um alerta que indica que algo está errado, sendo preciso investigar o que está acontecendo. Ao mascarar este sintoma, a pessoa pode ter um agravamento da doença. Um cuidado muito importante que se deve ter é ler a embalagem e a bula de cada medicamento antes de o usar.
Como interpretar a cor da tarja nas embalagens dos medicamentos
A tarja vermelha é encontrada em remédios que podem ser comprados com receita médica branca, como antidislipidêmicos ou antidiabéticos. Podem ter reações adversas leves, como náuseas, diarreia ou dor de cabeça.
A tarja preta pode ser encontrada em remédios que atuam no sistema nervoso central e, geralmente a receita é azul e fica retida na farmácia, como antidepressivos, ansiolíticos ou medicamentos para emagrecer. Suas reações adversas podem ser graves, como sono profundo, esquecimento constante e dependência.