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Raqueline da Silva Santos

Zabe da Loca, referência do pífano

COMPARTILHE Whatsapp Facebook Twitter Data: 14/12/2020
Fonte de Imagem:Reprodução

Essa foto de Zabé da Loca, tocando seu pífano em sua moradia não me emociona. Pelo contrário, me entristece. Zabé viveu 25 anos em uma moradia em condições precárias e sem os recursos necessários para sobreviver. Quando você vai pesquisar sobre a vida de Zabé descobre que seu nome era Isabel Marques da Silva. Nasceu em Buíque, Pernambuco. Na adolescência Zabé foi para o município de Monteiro, no Cariri da Paraíba

Ela ficou conhecida com o Zabé da Loca por ter vivido em uma loca, fechada por duas paredes de taipa em um sítio próximo de Monteiro na Paraíba. Loca que dizer gruta, caverna. Zabé afirma que sentiu felicidades em morar na gruta por muitos anos, em uma entrevista que deu ao Globo Repórter em 2011, mesmo com todas as dificuldades que vivenciou.

Zabé da Loca é conhecida como a rainha do pífano. Ela aprendeu a tocar o instrumento aos 10 anos de idade. Mas, só foi descoberta a partir dos seus 79 anos, pelo pessoal do Ministério do Desenvolvimento Agrário, através do projeto Dom Helder Câmara. Depois ela ganhou uma casa no assentamento Santa Catarina em Monteiro, Paraíba do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

O reconhecimento do trabalho de Zabé foi surgindo. Em 2008, foi condecorada com a Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura e em 2009 ganhou o prêmio Revelação da Música Popular Brasileira. Além do prêmio ela teve oportunidade de fazer várias viagens pelo país, shows e isso mudou a vida de Zabé.

Em 2003 gravou seu primeiro CD “Canto do Semi-Árido” com suas próprias composições como: “Balão”, “Araçá cadê mamãe””Fulô de mamoeiro”. Segundo o site Wikipédia ela também fez uma versão de Asa Branca de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.

Além dos prêmios, a pifeira foi homenageada com um documentário intitulado “Sob o céu de Zabé” no ano de 2014. O documentário fala de onde ela viveu, de suas lutas, do seu árduo trabalho, de seus amigos e família. Destaca também, que “há um pífano antes e um pífano depois de Zabé, aquela que lançou o pífano para o mundo” (Uol e Entretenimento).

Zabé da Loca é um marco da cultura nordestina, é uma afirmação dos potenciais que temos em nossa região. Fico feliz de poder partilhar a história dela com vocês. Infelizmente em 2017 no dia 05 de agosto ela nos deixou. Ficamos então com os aprendizados deixados por Zabé, mulher de fibra e de sorriso largo que não deixou a dureza da vida lhe enrijecer, pelo contrário, se você vê Zabé tocando na internet (vários vídeos disponíveis) irá se emocionar com a firmeza dela.

Viva Zabé da Loca.

Viva a cultura do Nordeste.

Viva a Música Popular Brasileira.

Estudar é tão revolucionário, que muitas vezes somos impedidos(as) de termos acesso a uma boa educação. É por isso que o @escrevenordeste quer incentivar vocês a conhecerem um pouco do legado de autoras e autores do Nordeste, para você se inspirar e ir além (Raqueline da S. Santos).
Fontes: G1; Uol; Wikipedia