Fruto é definido como a estrutura originada a partir do desenvolvimento do ovário de uma flor
Nem tudo é o que parece, já alerta um ditado bastante popular. No caso das frutas, a frase faz ainda mais sentido, quando se analisa as estruturas de uma suculenta maçã ou de um caju docinho. O “risco” de confusão se estende para morangos, figos, abacaxis e até peras. Entretanto, laranjas e bananas estão distantes desse “erro” de classificação.
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Você sabia que morango, maçã, figo e abacaxi não são frutas?
Parte da confusão se deve ao fato do termo fruta não ser uma verdadeira classificação botânica. É um termo mais popular e informal, mas é, muitas vezes, usado como sinônimo de fruto. Usar um no lugar do outro só faz sentido em algumas ocasiões, como apontam especialistas da área.
Afinal, o que é fruta?
“Fruta é um termo popular para se referir a frutos comestíveis de sabor mais adocicado, como laranjas e bananas”, explica Amélia Carlos Tuler, cientista e professora da Universidade Federal de Roraima (UFRR), para o Canaltech. “É mais uma questão de percepção e não uma classificação botânica”, acrescenta.
Na botânica, “fruto é definido como a estrutura originada a partir do desenvolvimento do ovário de uma flor, como o tomate, a abobrinha, mas também a laranja e a banana“, detalha a pesquisadora. Então, fruta e fruto não são necessariamente sinônimos.
Quando o desenvolvimento da parte comestível não foi originado a partir do ovário de uma flor, o termo correto na classificação botânica é pseudofruto. Em outras palavras, é um falso fruto. Entretanto, há algumas sutilezas e outras possibilidades de classificação, como veremos a seguir.
Pseudofrutos: maçã, pera e caju
Se formos a um mercado ou a um pomar (para aqueles que moram no interior ou e casas), não faltarão exemplos de pseudofrutos. Apesar do nome, eles são tão saborosos quanto os frutos “verdadeiros” e contribuem com uma alimentação saudável e nutritiva.
No caso da maçã, a parte carnosa que consumimos é formada principalmente pelo hipanto, que é uma expansão do receptáculo floral. “O fruto verdadeiro é a porção interna que contém as sementes”, conta a especialista Tuler. Outro exemplo é o caso da pera, já que a parte carnosa é um receptáculo floral expandido.
No caju, a parte suculenta que consumimos in natura ou na forma de sucos é, na verdade, é o pedúnculo floral, que se expande e se torna suculento após a polinização da flor. Neste caso, o fruto é a castanha (a castanha-do-caju), localizada na extremidade inferior do pedúnculo floral.
Entenda a classificação do morango
“O morango pode ser classificado como um pseudofruto, mas também um fruto agregado”, comenta Tuler. Isso porque a parte vermelha e suculenta é um receptáculo floral, ou seja, um pseudofruto.
No entanto, “o morango tem origem de uma flor, com múltiplos ovários, livres entre si e cada um deles dá origem a um pequeno fruto, chamado de aquênio, que nada mais são do que os pontinhos brancos presentes no morango. Nesse caso, o morango é chamado de fruto agregado”, complementa a doutora em botânica.
Se é fã dos deliciosos morangos, vale ver como é a superfície desse fruto agregado ou pseudofruto, dependendo do parâmetro, no microscópio.
Como classificar figo, abacaxi e jaca?
Agora, o fruto do figo, conhecido como sicônio, é um exemplo de fruto composto ou de infrutescência. De forma simples, é o resultado da fusão de várias flores. Neste caso, “a inflorescência é composta por um receptáculo floral carnoso, que se expande e envolve as flores, que após a fecundação darão origem aos frutos. Quando consumimos o figo, estamos consumindo o receptáculo e os frutos abrigados no seu interior”, detalha. O abacaxi e a jaca são outros exemplos de infrutescências populares.
Depois de entender melhor sobre os tipos de classificação de frutos, pseudofrutos e infrutescências, pode ter dado água na boca para comer a sua “fruta” favorita. Se este é o seu caso, veja se vale a pena descascar ou não: