Campeonato nacional será realizado pela Liga Brasileira de Xadrez, em 10 de outubro, na Barra de São Miguel
O xadrez tem se tornado um recurso bem sucedido ao desenvolvimento escolar e a reintegração social de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em Alagoas. Por meio desse esporte, talentos são descobertos e novas histórias são escritas jogada a jogada, conquista a conquista.
Um expoente desse esporte é o adolescente J.E.P., de 19 anos, que cumpre medida socioeducativa em uma das Unidades de Internação da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev). Ele, que é vice-campeão alagoano na categoria Sub 18, conquistou, na sexta-feira (6), medalha de ouro no 2º Torneio Socioeducativo de Xadrez.
A competição foi realizada pela Superintendência de Medidas Socioeducativas (Sumese), em parceria com a Federação de Xadrez do Estado de Alagoas (FEXEAL). Desta vez, o público foi ampliado. Além dos socioeducandos, a competição contou com a participação de competidores de escolas particulares que fazem parte da Liga Brasileira de Xadrez (LBX).
O supervisor de Esporte, Cultura e Lazer da Seprev, Thiago Santos da Silva, ressalta que o evento dá continuidade a um trabalho que trouxe resultados expressivos para a medida socioeducativa e que tem como intuito fortalecer a prática.
“O xadrez tem demonstrando um grande potencial pedagógico e terapêutico para os socioeducandos, por isso queremos que os jovens continuem engajados nesse projeto. A segunda edição do torneio dá oportunidade aos novos competidores, que têm nos procurado para participar dos jogos. Então, vamos continuar com esse estímulo, treinando os veteranos e abrindo espaço para os que estão chegando”, afirmou.
Para o adolescente J.E.P., a fórmula da vitória foi “a dedicação nos treinos, o equilíbrio emocional e a concentração na hora das jogadas”. O próximo passo dele será a Copa Brasil de Xadrez, que acontecerá no mês de outubro, na Barra de São Miguel.
O jovem aprendeu a jogar dentro da Unidade de Internação, participando da oficina que acontece, duas vezes por semana, com o professor Paulo Madeiro. Em 2018, a iniciativa foi premiada como um dos melhores projetos pedagógicos do estado de Alagoas e, hoje, conta com dezenas de alunos.
Para a superintendente da Sumese, Denise Paranhos, a socioeducação inova ao incluir no plano educacional “uma atividade que envolve arte e ciência, reconhecidamente eficiente no desenvolvimento das habilidades cognitivas e na integração social de adolescentes e jovens”.
Ela ressalta também que o jogo, incluindo o de outras atividades esportivas, recreativas e laborais, ajuda os adolescentes nesse período de privação de liberdade.
O presidente da Liga Brasileira de Xadrez, Jayme Miranda, comentou a importância da troca de experiência com a comunidade e explica que o xadrez ensina a aprender com os erros. “Eu vejo esse encontro como uma questão de formação do ser humano em si, pois, na sociedade, a gente precisa olhar para o outro respeitando as diferenças. É importante lembrar que esses adolescentes cometeram delitos no passado, mas que estão aqui para corrigir e se renovar como pessoa”, afirmou.
A superintendência pretende incluir os socioeducandos em todas as competições realizadas em Alagoas.