Falta de cuidado e investimentos na preservação da estrutura resultou em sua degradação completa

Na movimentada Rua Barão de Jequiá, no Centro de São Miguel dos Campos, existiu por décadas uma construção que abrigava mais do que paredes e janelas: o Sobrado dos Portugueses, um dos poucos registros da imigração europeia no interior de Alagoas.
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Sobrado dos Portugueses: o marco da imigração lusitana esquecido em São Miguel dos Campos
Construído no final do século XIX, o imóvel é hoje apenas memória – demolido em 2009 após anos de abandono –, mas ainda carrega um peso simbólico na história miguelense.
O sobrado foi lar do casal de imigrantes Maria Portuguesa e Mestre Lucas, portugueses que chegaram a Alagoas em busca de novas oportunidades.
Mestre Lucas trabalhou na tradicional Fábrica de Tecidos Sebastião Ferreira, enquanto o sobrado, com sua imponente arquitetura de influência ecletista e neoclássica, abrigava a família com seus sete filhos.
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Com a separação do casal, Maria Portuguesa permaneceu no imóvel com os filhos, mantendo vivo o espírito acolhedor do lugar. Tempos depois, a propriedade foi vendida ao Sr. Edgar Gomes, que deu nova vida ao espaço: ali funcionaram lojas, escritórios, grupos musicais e até abrigo para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Infelizmente, a falta de cuidado e investimentos na preservação da estrutura resultou em sua degradação completa e, em 2009, o sobrado foi demolido, apagando do cenário urbano um pedaço importante da história de São Miguel dos Campos e da presença portuguesa em Alagoas.
A perda do Sobrado dos Portugueses não é apenas arquitetônica – é também cultural e afetiva. Ele simboliza a fragilidade da memória urbana diante do abandono e da ausência de políticas de preservação patrimonial. Sua lembrança, no entanto, sobrevive nos registros e na memória da cidade, graças a nomes como o do escritor Ernande Bezerra de Moura, que resgata histórias esquecidas e reforça a importância de valorizar os vestígios do passado antes que eles desapareçam para sempre.
A história do sobrado é um alerta: preservar é também contar quem somos e de onde viemos.

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