Consumo máximo deve ser respeitado a fim de evitar quadros de hipoglicemia
Quanto carboidrato há em uma taça de champanhe? E em uma taça de vinho? Para quem tem diabetes, esta é uma das questões que surgem nos momentos de confraternização, especialmente com a aproximação das festas de fim de ano. Isso porque as bebidas alcoólicas são compostas de carboidratos vazios, sem nutrientes, e têm alto teor calórico. Apesar de poderem causar uma elevação da glicemia em um primeiro momento, os níveis de glicose no sangue podem diminuir em seguida, o que pode desencadear quadros de hipoglicemia tardia.
A Sociedade Americana de Diabetes recomenda o consumo máximo diário de um drink para mulheres e dois para homens, sendo cada dose equivalente a 150 ml de vinho (uma taça), 360 ml de cerveja (uma lata) ou 45 ml de destilado. Porém, o médico endocrinologista Fernando Valente, coordenador de comunicação da Sociedade Brasileira de Diabetes, explica que antes do consumo de bebidas alcoólicas é necessário checar as taxas de glicose no sangue. “A ingestão de bebidas alcoólicas é permitida somente se os níveis de glicemia estiverem normais. Isso é fundamental, uma vez que os sintomas de hipoglicemia e de intoxicação por álcool são muito similares”, afirma. Quando consumir álcool, isso deve ocorrer juntamente ou após a ingestão de alimentos e eventual ajuste nas doses de insulina.
Embriaguez ou hipoglicemia?
Tontura, confusão mental, ansiedade, nervosismo, palpitação ou ritmo cardíaco acelerado, boca seca, formigamento nos lábios, fome excessiva e até desmaio ou coma. Todos esses sintomas podem corresponder à intoxicação por álcool e à hipoglicemia.
“A hipoglicemia é resultado de uma queda vertiginosa das taxas de glicose no sangue. Para seu tratamento, além da abstinência do álcool, recomenda-se que o paciente tome um copo de suco de laranja, de refrigerante não dietético, ou de água adoçada. O efeito será mais rápido se for acompanhado de alimentos ricos em carboidratos de longa duração, como pães e biscoitos”, orienta. “Caso o nível de consciência esteja comprometido, a pessoa deve ser encaminhada ao médico para ser rapidamente medicada, ou pode receber uma injeção de glucagon administrada por um familiar”, frisa.
Fígado sobrecarregado
Ao ingerir bebida alcoólica, o álcool passa rapidamente pelo estômago e chega ao fígado por meio da corrente sanguínea. Lá, a substância é metabolizada – contudo, o órgão consegue processar um drink a cada duas horas, em média. Quando esta quantidade é ultrapassada, a substância permanece no sangue e causa efeitos como tontura, desinibição e diminuição da capacidade de raciocínio.
Mas o que acontece em pessoas com diabetes? Dentre as funções do fígado, uma delas é controlar o nível de glicose na corrente sanguínea: direciona as reservas de açúcar em caso de queda das taxas no sangue. Além disso, ele também é responsável por fabricar a glicose. Ou seja, nos caso de pacientes que estão tomando medicações que aumentam a quantidade de insulina no sangue ou aplicam insulina, ao tomarem bebidas alcoólicas, o fígado está sobrecarregado metabolizando o álcool, incapaz de regular a quantidade de açúcar no sangue. “O resultado é a queda dessas taxas, aumentando o risco de hipoglicemia”, afirma Valente.
O médico endocrinologista orienta que “o paciente deve sempre consultar seu médico para, juntos, alinharem a questão da ingestão de bebida alcoólica. A responsabilidade e a moderação precisam caminhar lado a lado durante o ano todo”, conclui.