Ninguém discute que é um privilégio poder assistir, semana após semana, à genialidade de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Apresentações que beiram a perfeição, recordes batidos, jogadas que parecem fáceis demais vindas dos pés deles. Mas a admiração óbvia e obrigatória traz também uma discussão cansativa e, de certa forma, inócua sobre quem é o maior jogador de todos os tempos.
Não é uma questão de deixar Pelé e Diego Maradona como intocáveis na prateleira dos gigantes, mas apenas usar estatísticas a favor do argentino e do português causa uma distorção que ignora todo o contexto histórico do esporte. E existem duas questões que não podem ser ignoradas.
Pelé e Maradona atingiram o ápice por Santos e Napoli, respectivamente, mas em épocas em que não havia meia dúzia de clubes gigantes, como hoje. Isso não tira os méritos de CR7 e Messi, mas engrandece os de Pelé e Diego. E o recorte da Copa do Mundo é impossível de não ser feito. Não tem essa de “azar da Copa”, bela frase, mas sem sentido.
Boa parte da percepção que se tem até hoje da dupla de antigamente vem do que fizeram quando o mundo todo olhava para eles. No fim, a pressa em fincar Messi ou Cristiano Ronaldo (ou ambos) como melhor da história pode ser enxergado também como um ato egoísta de quem deseja provar a todos que viu “o maior de todos” jogar.