Tornar o período de internação menos tenso para os pacientes acometidos pela Covid-19 é um dos propósitos do projeto HGE Musical, criado por assistentes sociais do Hospital Geral do Estado (HGE). A iniciativa partiu da percepção desses profissionais sobre a necessidade de ações que proporcionem a positividade, com a colaboração de músicos e religiosos na execução, seguindo protocolos de segurança que visam à proteção e a não disseminação de vírus e outros agentes nocivos.
Diante do êxito da ação com os pacientes acometidos pela Covid-19, o HGE Musical também é executado nas demais alas do maior hospital público do Estado. A iniciativa, segundo a equipe de assistência social do HGE, tem funcionado como intervenção terapêutica e medida para acabar com a solidão dos pacientes, uma vez que, muitos deles, chegam a passar mais de um mês hospitalizados, devido a gravidades dos quadros clínicos que apresentam.
O projeto conta com a participação de voluntários, como o saxofonista Felipe Martins, que, em parceria os amigos Fabrício Rodrigues e Bruno Santos, levam alegria e positividade aos pacientes do HGE. Unidos, o trio proporciona um alento para diversos pacientes que estão em recuperação das patologias a que estão acometidos.
Paciente que, muitas vezes, ficam sem o contato com a família, uma vez que em razão da pandemia da Covid-19, as visitas presenciais estão restritas, para evitar a disseminação do novo coronavírus. “Nos emocionamos com as histórias de superação, de esperança, de cuidado, de afeto. Quem está fora do hospital enxerga de uma forma completamente diferente de quem está lidando diretamente com as vidas. Essa experiência, apesar de triste, é o que me motiva a continuar dedicando mais tempo às visitas”, ressalta o saxofonista.
O HGE Musical conta, ainda, com voluntários do grupo católico Divino Espírito Santo, que percorreram vários setores de internação, sem contato direto com os pacientes. A coordenadora do grupo, Alessandra Barros, pontua que a ação é uma forma de fortalecer a fé dos pacientes e vitalizar a força dos profissionais da saúde, concedendo mais alegria e vontade de continuar com as assistências.
“A cada visita saímos preenchidos de amor, quando o nosso objetivo era somente levar a palavra de Deus e fazer o bem sem olhar a quem. São ocasiões que nos incitam a continuar com a ação, é a nossa forma de nos integrarmos aos esforços que os profissionais da saúde têm feito com muita bravura, integrando a nossa espiritualidade e crença por dias melhores”, salienta Alessandra Barros.
Efeito do HGE Musical – Muito animada, a paciente Josefa Maria de Barros Silva, de 81 anos, disse aos visitantes que ouvir as músicas desperta a vontade de sair da cama e dançar. Internada com uma doença cardiológica grave, ela não vê a hora de poder sair do hospital para voltar a conduzir a própria vida com mais leveza e ânimo. Comportamentos que têm se tornado difíceis, segundo ela, já que os dias de internação são monótonos e cheios de limitações.
“Por mim, eles não saiam mais daqui. Era toda hora alguém chegando, cantando umas músicas, me fazendo lembrar de bons momentos. Isso é muito bom! Nós precisamos de programas que nos tirem da monotonia, da tristeza que é nos afastar da nossa casa, da vida com a família. Esse sentimento maravilhoso proporcionado pela música e pelos louvores tem me dado uma força a mais para enfrentar a minha hospitalização”, avalia dona Josefa.
Humanização – O HGE Musical visa possibilitar um ambiente hospitalar humanizado, cuidadoso, interativo e harmonioso, utilizando a música como recurso terapêutico, já que estudos comprovam o seu poder de transformar ambientes, contribuindo com o bem-estar e a saúde. A coordenadora do projeto, assistente social Ana Claudia de Jesus, explica que a ideia é que um músico seja sempre convidado para apresentar as suas canções na maior unidade hospitalar do Estado.
“A visita deve sempre remeter a boas lembranças e estimular a expressão da sua identidade social, além de promover a autonomia. As pessoas e grupos que tenham interesse de unir forças podem nos contatar por meio do telefone (82) 3315-4936. Nós tentaremos viabilizar a visita, conforme as normas estabelecidas pela Gerência do HGE”, informa a assistente social, ao destacar que os voluntários utilizam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para evitar a propagação de doenças infectocontagiosas durante as visitas.