Projeto de lei prevê que mulher estuprada que realizar aborto pode ter pena maior que estuprador

Por: Redação / TNH1 com ingormações do G1  Data: 13/06/2024 às 11:40

Proposta é assinada por 32 deputados

Projeto de lei prevê que mulher estuprada que realizar aborto pode ter pena maior que estuprador
Projeto de lei prevê que mulher estuprada que realizar aborto pode ter pena maior que estuprador

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio. De autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o projeto prevê que a pena para a mulher que fizer o procedimento, até então protegido por lei, seja mais dura que a prevista para o estuprador.

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Projeto de lei prevê que mulher estuprada que realizar aborto pode ter pena maior que estuprador

Se for aprovada, o aborto seria igualado ao homicídio simples, do artigo 121 do Código Penal, cuja punição varia entre seis a 20 anos de prisão. No caso de estupro (artigo 213), a pena mínima é de seis anos quando a vítima é adulta, mas pode chegar até 10 anos. Se a vítima for menor de idade, sobe para de oito a 12 anos de reclusão.

Já em relação ao estupro de vulnerável (artigo 217-A), que é quando a vítima tem menos de 14 anos ou é incapaz de oferecer resistência, o tempo de pena varia de oito a 15 anos. Apenas quando o crime é praticado contra vulnerável e resulta em lesão corporal grave que a pena pode chegar a 20 anos.

Para critério de comparação, em uma situação hipotética na qual uma mulher adulta, que foi estuprada e interrompa a gravidez após a 22ª semana (aproximadamente cinco meses e meio), pode ser condenada a 20 anos de prisão, enquanto que o homem que a estuprou fique entre seis e 10 anos preso.

Sobre esta discrepância, o autor do projeto disse ao blog da Andréia Sadi, no g1, que a aplicação da lei “ficará a cargo do juiz” e que tentaria negociar.

Também ao blog da Andréia Sadi, no g1, a advogada Gabriela Sousa, especialista em advocacia feminista e sócia da Escola Brasileira de Direito da Mulher (EBDM), avaliou que o projeto tem objetivo “de chancelar a dominação dos corpos das mulheres” e afirma que a proposta é uma violação dos direitos humanos e inconstitucional, que viola tratados internacionais aos quais o Brasil é signatário.

“Quando a gente encara uma realidade onde há uma proposta de que o aborto tem uma pena maior do que o homicídio, a gente deixa claro a ausência de valores e a ausência de respeito aos direitos, aos corpos e à autodeterminação de todas as mulheres, deixando claro que se valoriza o nascimento e não a vida”, completou.

Atualmente no Brasil, o aborto em caso de estupro é legalizado e não prevê restrição de tempo para o procedimento nesta situação. 

A proposta é assinada por 32 deputados, incluindo o segundo vice-presidente da Casa, Sóstenes Cavalcante, e o presidente da bancada evangélica, Eli Borges (PL-TO).

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