O procurador da Fazenda Nacional Matheus Carneiro Assunção foi preso ontem (03) depois de tentar matar uma juĂza na sede do Tribunal Regional Federal da 3ÂŞ RegiĂŁo, na avenida Paulista. Ele invadiu o gabinete da juĂza Louise Filgueiras, convocada para substituir o desembargador Paulo Fontes, em fĂ©rias, e chegou a acertar uma facada no pescoço dela, mas o ferimento foi leve.
Antes de se descontrolar totalmente, o procurador despachara com a desembargadora Cecilia Marcondes, quando já se mostrou alterado. Assunção então foi ao gabinete do desembargador Fábio Prieto, no 22º andar. Ele presidia uma sessão de julgamento e não estava no gabinete no momento.
O procurador, então, desceu as escadas e invadiu a sala que fica imediatamente abaixo, de Paulo Fontes, mas ocupado por Filgueiras durante suas férias.
A juĂza trabalhava em sua mesa e foi surpreendida pela invasĂŁo do procurador, mas conseguiu se afastar dele —as mesas dos desembargadores sĂŁo bastante amplas, o que dificultou o acesso de Assunção Ă vĂtima.
Diante do insucesso, ele ainda tentou jogar uma jarra de vidro na direção da magistrada, mas errou. O barulho da jarra quebrando foi o que chamou a atenção dos assessores. E o procurador foi imobilizado pelas pessoas que estavam dentro do gabinete durante a ação.
Assunção foi preso em flagrante e no momento aguarda a chegada da PolĂcia Federal para ser levado da sede do tribunal, na regiĂŁo central de SĂŁo Paulo. Ele ainda nĂŁo tem advogado constituĂdo.
Quem viu o procurador se movimentar pelo tribunal comentou que ele parecia em estado de surto e intercalava frases sem sentido com de efeito sobre “acabar com a corrupção no Brasil”. Ao ser imobilizado, o procurador se mostrou confuso. Segundo os seguranças que o detiveram, Assunção afirmou que deveria ter entrado armado no tribunal, “para fazer o que Janot deixou de fazer”.
Neste momento, enquanto a PolĂcia Federal chega no prĂ©dio do tribunal para dar voz de prisĂŁo ao agressor, a segurança do TRF está mapeando a sua andança pelo prĂ©dio.
RepercussĂŁo
“NĂŁo bastasse a notĂcia recentemente divulgada de que um Procurador da RepĂşblica pensou em atentar contra a vida de um ministro do STF, agora temos uma infeliz ocorrĂŞncia no TRF de SĂŁo Paulo. Para alĂ©m de lamentar o ocorrido e se solidarizar com a vĂtima e todos os colegas do tribunal, urge mais uma vez repensar os nĂveis de segurança das cortes e dos fĂłruns, em todo o paĂs”, lamentou Jayme de Oliveira, presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB).
Para Fernando Mendes, presidente da Associação dos JuĂzes Federais do Brasil (Ajufe), nĂŁo pode se admitir qualquer ataque Ă magistratura. “A magistratura vem sendo atacada simbolicamente nos Ăşltimos tempos, e essa campanha nefasta na tentativa de desacreditar a instituição acaba estimulando o comportamento criminoso de indivĂduos. Temos de dar um basta a isso.”
Segundo Marcos da Costa, ex-presidente da OAB-SP, “nĂŁo podemos admitir que se estabeleça um clima de Ăłdio dentro do ambiente que deveria ser marcado pelo respeito entre aqueles que estĂŁo a dedicar suas vidas em prol da justiça”.