Perder a visão afeta modo como interpretamos emoções

Por: Diário da Saúde  Data: 06/03/2024 às 09:49

Saber diferenciar quando as expressões emocionais são autênticas ou simuladas é uma competência social importante para todos

Perder a visão afeta modo como interpretamos emoções
Perder a visão afeta modo como interpretamos emoções

O ser humano pode expressar espontaneamente as suas emoções, como rir e chorar, mas pode também regulá-las e controlá-las voluntariamente.

Perder a visão afeta modo como interpretamos emoções

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Saber diferenciar quando as expressões emocionais são autênticas ou simuladas é uma competência social importante para todos, mas ainda mais determinante para as pessoas cegas, uma vez que elas não podem usar pistas de linguagem facial e corporal, baseando a sua percepção apenas em pistas vocais.

João Sarzedas e seus colegas da Universidade de Lisboa (Portugal) queriam então saber se a perda de visão afeta a capacidade das pessoas de interpretar as emoções e as intenções dos outros, lembrando que isto é particularmente importante para essas pessoas porque elas precisam frequentemente confiar em outras pessoas para apoio na sua vida cotidiana.

Para analisar como pessoas com deficiência visual percepcionam a autenticidade emocional, os pesquisadores compararam pessoas típicas com pessoas que nasceram cegas e pessoas que perderam a visão depois de enxergarem normalmente por muitos anos.

Os resultados mostraram que a percepção da autenticidade emocional de risos e choros dos participantes que nasceram ou ficaram cegos numa fase precoce da vida e em participantes que perderam a visão numa fase mais tardia é diferente: Os participantes que se tornaram cegos mais tardiamente tiveram pior desempenho na avaliação da autenticidade emocional.

Perda do sentido
Os pesquisadores usaram uma combinação de medidas comportamentais e potenciais evocados por eventos para avaliar a percepção de autenticidade emocional de risos e choros em 51 participantes: Indivíduos que nasceram ou ficaram cegos numa fase precoce da vida (n = 17), numa fase tardia (n = 17), bem como um grupo de controle de normovisuais (n = 17).

Todos os participantes realizaram duas tarefas enquanto eram monitorados por eletroencefalograma. Uma das tarefas consistia em determinar a autenticidade emocional dos estímulos, e a outra tarefa em identificar a emoção (tristeza ou alegria). Os estímulos consistiram em risos e choros forçados ou autênticos.

Os resultados demonstraram que, comportamentalmente, os participantes com cegueira precoce mostraram uma percepção intacta da autenticidade, ao contrário dos participantes com cegueira tardia, que tiveram um desempenho pior do que o do grupo de controle. Não se registraram diferenças entre os grupos na tarefa de identificação das emoções.

“Estes resultados sugerem que a privação visual prolongada com início tardio deteriora a percepção de autenticidade emocional,” afirmou a pesquisadora Tatiana Conde. Agora será necessário descobrir que pistas as pessoas que nasceram cegas usam para identificar as intenções emocionais dos outros.

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