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Pela primeira vez na história, Alagoas não comemora com desfile a Emancipação Política

Assessoria
Pela primeira vez na história, Alagoas não comemora com desfile a Emancipação Política

“Sus, os hinos de gloria já troam
A teus pés os rosais vêm florir
Os clarins e as fanfarras ressoam
Te levando em triunfo ao porvir”

O emblemático trecho do hino de Alagoas, composto por Luiz Mesquita e Benedito Silva, traz-nos a lembrança de que este será um 16 de setembro diferente. Não teremos as escolas e suas fanfarras encantando o público com a sua beleza e alegria.

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Em 2020, pela primeira vez na história, o desfile da emancipação política do estado não será realizado, uma medida para proteger toda a população da disseminação do coronavírus. No entanto, o silêncio das fanfarras e clarins não nos impede de celebrar a nossa alagoanidade. É o que afirmam Beatriz, Manuella, Karyne , Lausanne e Betânia, cinco alagoanas que têm uma história especial com a data e contam as suas histórias para a reportagem da Secretaria de Estado da Educação (Seduc).

A madrinha – A estudante de jornalismo Karyne Gomes lembra com carinho da data. Por oito anos, ela viveu emoções com a fanfarra da Escola Estadual Aurelina Palmeira, de Maceió, onde começou como estandarte, foi baliza e chegou ao cobiçado cargo de madrinha.

“Era uma grande emoção participar de um evento tão importante como a comemoração da emancipação política de Alagoas. Para mim, foi muito gratificante. Participei desde os meus 12 anos de idade, sendo o meu último desfile o de 2017, na celebração dos 200 anos. Foi uma experiência inigualável e tenho orgulho de tê-la vivenciado”, afirma.

Ela recorda a emoção que sentia sempre que desfilava com a fanfarra de sua escola. “A energia e o carinho do público alagoano me emocionavam. Era uma alegria representar e participar de uma banda fanfarra de uma escola pública da rede de ensino estadual, onde estudei desde o meu 6º ano do ensino fundamental”, relata.

A menina do sertão – A jornalista e relações públicas Manuella Nobre vivenciou a data de diferentes formas. Como profissional, já cobriu o evento diversas vezes. Mas sua relação com o desfile evoca memórias da infância no município de Maravilha. Lembranças do encanto proporcionado pela fanfarra da Escola Estadual Atanagildo Brandão.

 “O desfile era um dos eventos mais esperados do ano em Maravilha e região. Mobilizava toda a cidade meses antes, que parava para ver o desfile passar no dia 16. Lembro dos ensaios da banda fanfarra, da qual sempre sonhei participar, linda e emocionante a cada toque”, recorda.

Ela fala com carinho desta tradição que faz questão de repassar aos filhos. “Tudo isso marcou profundamente a minha infância, e, hoje, é uma alegria e satisfação continuar esta tradição”, ressalta.

Desfilando com a banda – Professora de Língua Inglesa e diretora da Escola Estadual Salete de Gusmão, Betânia Alves também começou sua história de amor com o desfile na infância. Mais precisamente, pelas ruas de Bebedouro, na Escola Estadual Alberto Torres e com a histórica fanfarra do Colégio Bom Conselho.

“A primeira vez que participei de um desfile de 16 de setembro foi como porta-bandeira da Alberto Torres ainda no ensino fundamental. Quanto orgulho sentia de levar a bandeira de Alagoas no Estádio Rei Pelé, onde ocorria do desfile. Na fanfarra do Bom Conselho, tocava surdo e ensaiávamos bastante. Era uma alegria imensa, nem me importava de carregar comigo um instrumento tão pesado. Amava sair de casa usando aquele uniforme, era lindo desfilar pela ladeira da Chã”, conta.

Tempos depois, já como diretora, viveu a mesma emoção. “Voltar a participar de um desfile cívico, mesmo que em outra posição, foi incrível, pois agora, proporcionava aos meus alunos e seus pais o mesmo sentimento. Via em cada um deles o mesmo entusiasmo”, fala.

Orgulho – Para a professora aposentada Lausanne Leão Bittencourt, orgulho é a palavra que define as suas lembranças do desfile da emancipação política. Como aluna do Colégio Estadual de Alagoas (atualmente Escola Estadual Edmilson Pontes), ela fala com emoção do dia em que percorreu o Estádio Rei Pelé.

“Na década de 70, quando cursava o ensino médio, desfilei com minhas amigas e minha escola no Estádio Rei Pelé. Foi um momento de dupla emoção, pela data e por estar em nosso estádio”, revela.

De participante a organizadora – Amiga de Lausanne, Maria Beatriz Brandão Sá tem sua história intimamente ligada ao desfile de 16 de setembro. Algo que começa aos 7 anos de idade, quando a sua mãe, Maria José Rebelo Sá, então diretora da Escola Estadual Tavares Bastos, leva a filha para participar do pelotão que encerraria o cortejo. Este seria o primeiro de muitos desfiles na sua vida, seja como estudante, seja como organizadora.

“Minha primeira lembrança é desfilar em uma carroça ornamentada com uma representação cenográfica do Gogó da Ema. Ao todo, participei de 20 desfiles, sendo seis como estudante e catorze na produção. Durante oito anos, fiquei responsável pelo desfile propriamente dito”, informa.

Ela recorda cortejos históricos, tanto como estudante como organizadora. Em 1972, já no ensino médio, foi como aluna do Colégio Estadual de Alagoas ao Trapichão, cujo pelotão representou as indústrias locais. Já em 2000, em um dos vários desfiles que organizou, teve como parceiro de produção o cenógrafo Gustavo Leite.

“Esse ano o desfile foi e homenagem a Pedro Teixeira e, na ocasião, cada pelotão homenageava um folclore alagoano. Já em 2001, o foco foram os autores e as autoras alagoanas. No meu último ano na organização, a temática foi voltada às artes cênicas, foi muito marcante. O mais enriquecedor era ver como as escolas se empenhavam na pesquisa de cada tema e como o traduziam isso em seus figurinos e faixas”, pontua.

O amor pelo evento é tamanho que rendeu até uma pós-graduação em Artes pela Universidade Federal de Alagoas em 2012. “Nesta monografia, procuramos mostrar que o desfile sempre buscou valorizar as coisas da terra como também trazer uma reflexão tanto para os alunos como para o público participante sobre o que é a emancipação de Alagoas, apresentando a nossa cultura de forma lúdica. Ou seja, trata-se uma experiência artística e estética”, reflete Beatriz, que é professora de Língua Portuguesa da Escola Estadual José da Silveira Camerino.

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