O papa Francisco possibilitou uma história mudança na Igreja Católica, isso porque as mulheres vão passar a ter direito a voto em sínodo ou assembleia de bispos de todo o mundo. A informação foi dada nesta quarta-feira, 26, pelo Vaticano. A decisão foi aprovada pelo papa Francisco e respeita a política do pontífice argentino de dar mais espaço às mulheres dentro da instituição milenar.
A próxima reunião dos bispos, que acontecerá em outubro, foi convocada para discutir o futuro da Igreja, por isso o papa aprovou uma série de mudanças, incluindo a concessão do direito de voto às mulheres e leigos que comparecerem.
É a primeira vez que tanto as mulheres quanto os leigos não consagrados que participam poderão votar em um sínodo, um direito que era reservado ao clero e que as mulheres reivindicam há muito tempo. Além dos bispos, arcebispos e outros religiosos eleitos pelas conferências episcopais, poderão votar outros “70 membros (…) que representam os demais fiéis do povo de Deus”, indica o documento divulgado pelo Vaticano. “Metade deve ser de mulheres e, se possível, jovens”, diz o texto. “Ao identificá-los, será necessário levar em conta não só a cultura geral e a prudência, mas também os conhecimentos, tanto teóricos como práticos, assim como a participação, segundo a sua capacidade, no processo sinodal”, especifica o documento.
No sábado, 22, diante de 10 mil fiéis que estavam na Praça de São Pedro no Vaticano, que se reuniram para acompanhar a a beatificação de Armida Barelli, cofundadora da Universidade Católica do Sagrado Coraçã, Francisco pediu total confiança nas mulheres, alegando que elas “muitas vezes são subestimadas em seu valor produtivo” Francisco elogiou a figura de Barelli, que também foi líder do movimento Ação Católica e que, segundo ele, “foi uma formidável precursora da liderança feminina nas esferas eclesial e social”. A esse respeito, destacou que hoje existe “a necessidade de um modelo integrado que combine competência e desempenho, muitas vezes associado ao papel masculino, com o cuidado dos vínculos, da escuta, da capacidade de mediar, de trabalhar em rede e de fazer crescer as relações, por muito tempo considerada prerrogativa do gênero feminino e muitas vezes subestimadas em seu valor produtivo”. Além disso, defendeu também “a necessária integração e reciprocidade das diferenças”. “Também hoje precisamos de mulheres que, guiadas pela fé, sejam capazes de deixar sua marca na vida espiritual, na educação e na formação profissional”, acrescentou.
Por fim, convidou a Universidade Católica do Sagrado Coração “a ter hoje o mesmo ímpeto educativo e a mesma iniciativa formativa que guiaram o padre Agostino Gemelli e a beata Armida Barelli”, que precisamente “através da universidade ajudaram a formar a consciência civil em centenas de milhares de jovens, incluindo muitas mulheres”.