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O último desafio de segurança do Bitcoin: simplicidade

Passaram-se apenas 13 anos desde o surgimento do Bitcoin (BTC), quando um pequeno grupo de desbravadores optou por dar as costas às moedas tradicionais e buscar a autonomia financeira. No entanto, em pouco mais de uma década, esse pequeno contingente tornou-se um exército enorme de adeptos das criptomoedas.


E que tipo de pessoas são esses novos Bitcoiners? Como as suas características demográficas e seu conhecimento técnico diferem dos primeiros adeptos do BTC? A Geração Bitcoin está suficientemente preparada para proteger seus investimentos contra as ameaças de segurança atuais e futuras? E, mais importante, quais são os desafios que essa comunidade em rápido crescimento deverá enfrentar para garantir o sucesso do Bitcoin?

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Neste artigo, procuramos responder a todas essas perguntas, mostramos também os desafios que o uso de wallets e exchanges de criptomoedas impõe a muitos usuários.

Diversificando a demografia

Quem são os Bitcoiners de hoje? Embora seja difícil saber isso com precisão, podemos observar algumas tendências.


Essas mudanças podem ser mapeadas de diversas maneiras. Em primeiro lugar, há evidências anedóticas, não empíricas, mas ainda assim valiosas. Exemplos disso são a maior diversidade entre os participantes de eventos do setor e a presença de mais mulheres em cargos seniores.


Depois, há dados disponíveis publicamente, como o número de empresas que detêm Bitcoin em seu balanço. Anos atrás, empresas pioneiras como a MicroStrategy teriam sido ridicularizadas. Hoje, um número crescente de empresas públicas e privadas (e até mesmo países) detém parte de suas reservas em Bitcoin.


Mais importante ainda, os dados disponíveis sobre pessoas físicas mostram que os velhos estereótipos também estão mudando rapidamente. No Reino Unido, por exemplo, a proporção de investidores em criptomoedas com mais de 55 anos saltou de 7% para 22% entre 2019 e 2020. Do mesmo modo, uma pesquisa recente da Gemini descobriu que mais da metade dos “criptocuriosos” são mulheres e um quarto deles tem mais de 55 anos.


É evidente que a adoção do Bitcoin tem um longo caminho antes de corresponder à diversidade demográfica da população em geral, mas já ficou claro que os investidores de hoje são muito diferentes da primeira geração do Bitcoin. Embora essa mudança deva ser bem-recebida, também significa que a sofisticação técnica — incluindo os conhecimentos e habilidades de segurança — será muito mais variada. A grande questão é: os novos bitcoiners estão preparados para as ameaças que irão enfrentar?

Diversificando as ameaças?

No mundo digital de hoje, estamos acostumados a ameaças graves e diversas. No entanto, em uma pesquisa recente com 1.600 Bitcoiners, a segunda ameaça mais citada foi a apreensão em relação ao governo.


É fácil entender por que mais de um quarto dos entrevistados demonstrou ter esse medo. Por um lado, existem as formas de repressão às criptomoedas que ocorrem constantemente em países como a China. Os Estados Unidos também já confiscaram bens de seus cidadãos, como ouro, durante a Grande Depressão. O risco de uma apreensão por parte do governo, portanto, não é apenas teórico.


Mas a ameaça mais significativa ao Bitcoin dos usuários é, na verdade, sua perda acidental. Sendo assim, o cenário de risco é significativamente complexo, já que os Bitcoiners devem lidar com seus governos, mas também com seu próprio esquecimento.


Embora o cenário de segurança seja mesmo complexo, a ameaça real às moedas dos usuários (e sua solução) é bastante simples e pode ser descrita em uma única palavra: usabilidade (ou a falta dela).

Simplificando a segurança

Esse desafio à segurança foi resumido perfeitamente em um post recente no Reddit:


“As pessoas que usam a internet não são ‘entusiastas da internet’ e não se preocupam em aprender sobre a tecnologia. Elas só querem usar a internet de uma forma fácil e sem interrupções. Quando as criptomoedas se tornarem populares, será exatamente o mesmo para 99,9% dos usuários.”


Para os primeiros entusiastas do Bitcoin, a simplicidade nunca foi um problema — eles adotaram as melhores práticas de segurança de ativos digitais, como a auto-custódia e a segurança com múltiplas assinaturas. Hoje, temos uma diversidade muito maior de Bitcoiners, e uma parte pequena deles sabe como manter suas moedas seguras, mesmo quando entendem as ameaças que estão enfrentando.


Mais pessoas colocarão seus investimentos em risco ao manter suas moedas em uma exchange ou adotando más práticas de segurança, como salvar senhas na internet. Isso ameaça investimentos individuais, é claro, mas ainda mais preocupantes são as perdas potenciais em grande escala — seja por roubo, confisco ou acidente.


Há uma desconexão entre os princípios centrais do Bitcoin — descentralização, auto-soberania e conscientização dos usuários — e o quanto a indústria de criptoativos tem ajudado as pessoas a alcançá-los. Por isso, a indústria deve dedicar um esforço maior à educação do usuário, certo?


Bem, sim e não. Em termos de princípios gerais — sobre a importância da auto-custódia e por que é importante proteger seu Bitcoin — há certamente muito mais a ser feito. Ensinar os usuários, como em cursos opções binarias ou de Forex, é importante, mas a tecnologia também deve ser mais acessível e intuitiva.


Afinal, por que a segurança do Bitcoin deveria seguir exigindo uma curva de aprendizado tão grande? Todo especialista em segurança digital sabe que os humanos são o elo mais fraco em qualquer cadeia e que, quanto mais complexos são os sistemas de segurança, mais eles são ignorados.


Portanto, a verdadeira questão não é se os novos adotantes do Bitcoin são suficientemente qualificados para se proteger das ameaças. Em vez disso, devemos nos perguntar quando a indústria fará o que deveria ter feito desde os primeiros dias: tornar a autocustódia multisig tão simples e intuitiva que dispense uma curva de aprendizado.

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