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O jogo imaginário de um homem solitário

Ilustração

Estratégia. Política. Alianças. Diplomacia. Esses são os principais pilares do jogo War (do original, Risk, ou La Conquête du Monde, do francês). O famoso jogo de tabuleiro, lançado em 1957, reflete, até os dias de hoje, uma essência metódica e principalmente, estrategista. Em resumo, o jogo desperta o diplomata que há em seus jogadores, que por meio de manobras militares – ou diálogos -, buscam o objetivo suscitado em uma carta logo ao início da partida, que pode ser desde a aniquilação de outro jogador ou simplesmente a conquista de todos os territórios do globo.

Exércitos nas fronteiras.. Objetivos traçados… O jogo começa. Entretanto, de nada adianta sentar à mesa, conhecer o dono do brinquedo, se não tem as suas cartas para retiradas. É o caso do presidente Bolsonaro.

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A iminência de um grande conflito bélico (e nuclear) vem sendo tratado como brincadeira por parte da elite governista de Bolsonaro. Por ironia do universo, o presidente da república estava com viagem marcada para a Rússia, e ‘calhou’ de ser no período mais delicado para a Política Internacional, em especial para Putin, Estados Unidos e Ucrânia.

As questoẽs geopolíticas que fazem parte da turbulência entre Ucrânia e Rússia são econômicas, particulares e principalmente, históricas. O território ucraniano é derivado da antiga União Soviética, fora declarada independente e reconhecida meses após a queda da URSS. Lida-se com gerações e gerações que cresceram e estão vivendo dia-a-dia com resquícios da pós-União Soviética e compartilham amor e ódio pelo regime e por sua história.

Deixando de lado, por ora, os fatores econômicos que norteiam o conflito, o ponto de ruptura sobre a identidade do povo ucraniano é bem heterogêneo, no qual uma fatia considerável da população nutre simpatia pela forma de governar de Putin, enraizado na cultura soviética.

O que me leva a expor algumas motivações oriundas do outro lado do atlântico: a participação da Ucrânia na OTAN. Não é segredo que os Estados Unidos flertam com a participação ucraniana na Organização do Tratado do Atlântico Norte (aliança militar internacional existente desde 1949). Ora, para o Kremlin, ter um país de culturas flutuantes que vão desde o america way of life até o jeito ‘russo’ de ser, ter um vizinho ideologicamente volátil não agrada nem um pouco.

Os mais velhos lembram da famigerada “Crise dos Mísseis em Cuba”, foram 14 dias cheios de medo. Situação: a URSS mantinha mísseis em Cuba (distante apenas 530km da Flórida, estado americano), e, por outro lado, os Estados Unidos mantinham ogivas nucleares com alto poder de destruição na Itália e na Turquia (ambas as Nações já faziam parte da OTAN).

Novamente fazendo a analogia com o jogo War: se algum dos jogadores representasse a OTAN no tabuleiro, poderia atacar seus amigos com muito mais facilidade que o resto do grupo, já que seus exércitos (e aliados) estariam ao redor do globo.

Mas o que o presidente Bolsonaro e o Itamaraty têm a ver com todo o conflito para merecer a devida atenção que enche as redes sociais? Absolutamente nada!

Pode ter começado como brincadeira, contudo, a postura de disparo de notícias ligando o líder brasileiro ao “fim” do conflito europeu já beira o ridículo. A começar por seu principal frontman no quesito ‘notícias com origem duvidosa’. Ricardo Salles tratou logo de disparar manchetes e notícias que atribuem a Jair o recuo das tropas russas na fronteira ucraniana, cravando inclusive o Nobel da Paz para o nobre presidente brasileiro.

O que é de uma maldade sem tamanho, já que o mito nem sequer dispõe dos dados para jogar.

Nesse jogo, o Presidente Bolsonaro é apenas o café-com-leite.

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