Não se deve usar gelo após lesões, indicam especialistas

Por: Redação / Canaltech  Data: 01/08/2024 às 13:21

O mais indicado é buscar o aconselhamento adequado de um profissional da saúde

Não se deve usar gelo após lesões, indicam especialistas
Não se deve usar gelo após lesões, indicam especialistas

Em caso de pancada forte, quadro de tendinite ou qualquer outra lesão aguda, é normal escutar a indicação de colocar gelo na região lesionada. Apesar da popularidade do conselho, especialistas indicam que este não é a melhor alternativa, já que atrapalha a cicatrização e a cura. O melhor é não intervir.

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Não se deve usar gelo após lesões, indicam especialistas

De fato, uma bolsa de gelo pode até aliviar temporariamente a dor e reduzir o inchaço. A questão é que o preço cobrado será alto, já que atrasa a recuperação total, como explicam as pesquisadoras da Universidade San Jorge (Espanha), Beatriz Carpallo Porcar e Paula Cordova Alegre Corpo.

“Para que todo o processo de cicatrização [do corpo após uma lesão] ocorra corretamente, a inflamação deve seguir seu curso fisiológico”, reforça a dupla, em artigo na plataforma The Conversation. Nesse ponto, o gelo é um inimigo, já que burla os processos naturais do organismo.

Reação do corpo a uma lesão
Antes de seguir, vale detalhar o que acontece com o corpo após uma lesão. Com o impacto de uma batida, por exemplo, o organismo induz a um cenário de inflamação.

Mesmo que os vasos sanguíneos não tenham se rompido e a região não tenha ficado “roxa”, os vasos da área lesionada se contraem, impedindo a perda de sangue.

Após esse primeiro momento, a permeabilidade desses canais aumenta, permitindo a entrada de substâncias e células imunes com efeitos inflamatórios. 

Com esse aumento de volume de fluídos, a área normalmente vai inchar. O inchaço é conhecido como edema e, diferente do que as pessoas normalmente pensam, ele é parte do processo de cura (e não algo nocivo).

No auge do processo inflamatório, as substâncias presentes geram sinais bioquímicos e o tecido começa a cicatrizar. Em paralelo, surgem metabólitos conhecidos como lipoxinas, com alto poder anti-inflamatório. Os neutrófilos (células de defesa) também agem nesse momento de cura.

Evite usar o gelo
Defendida inicialmente em 1978 pelo médico norte-americano Gabe Mirkin, a prática de usar gelo nas lesões busca reduzir a condução nervosa e promover a vasoconstrição local (estreitamento dos vasos sanguíneos). Isso alivia a dor no curto prazo, além de diminuir a inflamação e o edema. Entretanto, a técnica inibe os processos naturais do corpo em cuidar de si mesmo.

“A vasodilatação é necessária para que todas as substâncias essenciais para a cura cheguem no local da lesão. Presumivelmente, o gelo retardará este processo e modificará as vias ideais de cura”, pontuam as pesquisadoras da Espanha.

Ao modificar o curso da inflamação, o gelo dificulta a recuperação. Assim, o tecido pode não se regenerar adequadamente e ficar mais suscetível a novas lesões.

Inclusive, pesquisadores da Universidade de Ulster (Irlanda) publicaram uma revisão sistemática analisando outros 22 estudos sobre o uso do gelo em lesões. Publicada na revista The American Journal of Sports Medicine, a conclusão é que faltam evidências sobre os benefícios do gelo nessas situações. Agora, em caso de lesões graves ou que não se regeneram de forma adequada, o mais indicado é buscar o aconselhamento adequado de um profissional da saúde.

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