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Mudar para sobreviver: as alterações do discurso brasileiro na Cúpula Climática

Reprodução

É público e notório a antipatia do presidente Jair Bolsonaro com a agenda ambiental e as respectivas políticas públicas. O tema foi escanteado publicamente desde a nomeação do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que, inúmeras vezes, reclamava da intensa fiscalização na Amazônia, já que, segundo ele, atrapalha o comércio e economia em locais protegidos ambientalmente.

Durante as Eleições Americanas de 2020, o então candidato Joe Biden, como promessa de campanha, afirmou que injetaria uma grande quantidade de dólares no Brasil, que em contrapartida deveria se comprometer em intensificar a proteção da região Amazônica. Essa afirmação de Biden foi vista como uma enorme ofensa para o Brasil e cúpulas do governo brasileiro chegaram a afirmar que esse tipo de acordo seria um tipo de “propina ambiental”.

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Os tempos eram outros, Bolsonaro fazia oposição à Joe Biden, e publicamente era simpatizante (e amigo pessoal, segundo Jair) do presidente americano à época, Donald Trump.

Mas agora a realidade configura-se diferente….

Em um passe de mágica, o governo brasileiro não só vai aceitar esse apoio financeiro dos Estados Unidos, mas também condicionou a preservação da Amazônia a esse dinheiro. Na prática, Bolsonaro afirmou que só é possível preservar o “pulmão do mundo” se, e somente se, Joe Biden ajudar financeiramente o governo brasileiro. Mas a diplomacia não funciona por meio de declarações unilaterais, principalmente da maneira ‘a la’ Bolsonaro, que age como se no mundo não existisse um modus operandi.

“Da mesma forma, é preciso haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas ao planeta, como forma de reconhecer o caráter econômico das atividades de conservação”, disse Bolsonaro em seu discurso na Cúpula do Clima (22 de abril de 2021), em uma clara manifestação para barganhar bilhões de dólares caso o Brasil tenha êxito em suas metas.

O que preocupa o cenário internacional é a maneira como Bolsonaro está terceirizando a responsabilidade da preservação da Amazônia. Para o chefe do Poder Executivo, a preservação ambiental não está melhor por falta de investimentos (estrangeiros).

Em paralelo à Cúpula do Clima, Joe Biden recebeu centenas de cartas de líderes ambientais brasileiros, entre indígenas, seringueiros, presidentes de ONGs e comunidades que estão intimamente interessada na Amazônia preservada. Nestas cartas estavam a mesma mensagem: “Presidente Joe Biden, não confie em Jair Bolsonaro”.

De longe é um ato simbólico consequentemente terá peso nos diálogos internacionais. Quando a própria população clama para não confiar no presidente de sua nação, algo não vai bem.

Em síntese, a postura brasileira em conferências ambientais acabou atingiu ponto antagônico em relação à Politica Externa Brasileira de 10 anos atrás, no qual o Brasil se identificava como liderança em temas de preservação ambiental. Hoje, o tema é tratado com desdém tanto internamente, e principalmente, internacionalmente.

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