Além da equipe da procuradora do Trabalho Adir de Abreu, participaram da fiscalização auditores fiscais do Trabalho e sindicalistas da FETAR/AL, autora da representação ao MPT
A fim de apurar denĂșncias de fraudes na contratação de funcionĂĄrios por empresas terceirizadas para o corte de cana, o MinistĂ©rio PĂșblico do Trabalho (MPT) em Alagoas realizou, nesta semana, uma sĂ©rie de inspeçÔes na zona rural dos MunicĂpios de Campestre, ColĂŽnia Leopoldina e Novo Lino. A fiscalização contou com o apoio de auditores fiscais do Trabalho e de representantes da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados e Assalariadas Rurais de Alagoas (FETAR/AL), autora da representação ao MPT.
Segundo a denĂșncia da FETAR/AL, empresas terceirizadas estariam fornecendo mĂŁo-de-obra para o corte de cana em propriedades rurais vinculadas ao setor sucroenergĂ©tico de Alagoas e Pernambuco sem assinatura da Carteira de Trabalho e PrevidĂȘncia Social (CTPS) e observĂąncia de outros direitos trabalhistas. Os sindicalistas alegam que as prestadoras de serviço registram somente parte dos contratados, enquanto a maioria trabalha informalmente.
Durante a inspeção, a equipe comandada pela procuradora do MPT Adir de AraĂșjo recolheu os nomes dos trabalhadores contratados pelas empresas, que afirmam ter registrado todos os funcionĂĄrios e estarem em dia com as obrigaçÔes trabalhistas. Com as informaçÔes relacionadas a centenas de trabalhadores, o MPT vai conferir se as contrataçÔes estĂŁo adequadas no Ăąmbito do procedimento promocional em curso na instituição.
âO MinistĂ©rio PĂșblico do Trabalho estĂĄ atento Ă s alteraçÔes das relaçÔes trabalho que as novas legislaçÔes trouxeram recentemente, em especial a Lei de Terceirização, as reformas trabalhistas e a MP do Contrato de Trabalho Verde e Amarelo. Junto aos auditores fiscais do Trabalho, vamos apurar as denĂșncias que chegarem Ă instituição para garantir o cumprimento da lei e a defesa dos direitos difusos e coletivosâ, disse a procuradora do MPT Adir de Abreu.
A terceirização da mĂŁo-de-obra para o corte de cana de açĂșcar tornou-se realidade no Estado de Alagoas depois da Lei nÂș 13.249/2017, a Lei da Terceirização. A legislação inovou ao permitir a contratação de empresas para prestação de serviços ligados Ă atividade-fim da contratante em todos os ambientes de trabalho da iniciativa privada.
Pela SuperintendĂȘncia Regional do Trabalho (SRTb), acompanharam a inspeção os auditores fiscais JosĂ© Augusto Ferreira e Aldo de Holanda. JĂĄ os sindicalistas Geraldo Lima, JosĂ© Marcelo da Silva e JosĂ© Ramiro representaram a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados e Assalariadas Rurais de Alagoas.
Irregularidades
A inspeção permitiu ao MinistĂ©rio PĂșblico do Trabalho e a SuperintendĂȘncia Regional do Trabalho constatarem que, apesar do fornecimento de equipamentos de proteção individual, as empresas precisam acompanhar o estado do material e o uso pelos seus funcionĂĄrios.
TambĂ©m se faz necessĂĄrio melhorar as condiçÔes de transporte dos trabalhadores, bem como a regularização do ponto manual de entrada e saĂda de cada um dos contratados. Uma das empresas abordadas, a CĂcero LĂșcio da Silva Serviços, terĂĄ de pagar o valor dobrado por trabalho em feriado, que equivale a dia de descanso remunerado.
Com base na Medida Provisória 905, de 11 de novembro de 2019, os auditores fiscais do Trabalho só puderam notificar as empresas que demonstravam irregularidades trabalhistas para regularizar a situação no prazo de 90 dias. Caso permaneçam na conduta, elas poderão ter de responder por autos de infração.
Tanto o MPT quanto a SRTb produzirĂŁo relatĂłrios sobre a inspeção, que serĂŁo utilizados na investigação do MinistĂ©rio PĂșblico sobre a denĂșncia de fraudes trabalhistas.