Mulher disse que andou tanto procurando a filha que chegou a perder todas as unhas dos pés

Han Tae-soon passou mais de quatro décadas procurando pela filha desaparecida. Agora, aos 71 anos, ela se prepara para enfrentar o governo sul-coreano na Justiça, acusando o Estado de omissão na adoção internacional ilegal da menina, levada aos Estados Unidos após ser sequestrada em 1975.
Receba as notícias do AlagoasWeb no seu WhatsApp 
Mãe encontra filha sequestrada após passar 44 anos a procurando
O reencontro aconteceu em 2019, após um teste de DNA realizado pelo grupo 325 Kamra, que conecta pais sul-coreanos a filhos adotados no exterior. A filha, registrada no novo país como Laurie Bender, vive na Califórnia e atua como enfermeira. Ela foi levada aos EUA quando ainda era criança, com documentação falsificada que a descrevia como órfã.
Segundo relato de Han à BBC, sua filha, chamada originalmente de Kyung-ha, desapareceu em maio de 1975, em Seul. Na época com seis anos, ela foi abordada por uma mulher que alegou conhecer sua mãe. Levada de trem e abandonada em outra cidade, acabou sendo encaminhada a um orfanato por policiais e, depois, adotada por uma família americana.
O caso é um dos primeiros em que um parente biológico processa o governo sul-coreano por falhas na fiscalização do programa de adoção internacional, que, nas últimas décadas, tem sido alvo de denúncias por sequestros, fraudes e tráfico de crianças.
Em março deste ano, uma investigação oficial concluiu que o Estado cometeu violações de direitos humanos ao permitir que agências privadas exportassem crianças em larga escala, muitas vezes com fins lucrativos.
Mãe encontra filha sequestrada após passar 44 anos a procurando
A Coreia do Sul foi, durante décadas, o país que mais enviou crianças para adoção internacional. Desde os anos 1950, estima-se que entre 170 mil e 200 mil coreanos foram adotados por famílias no exterior, sobretudo nos Estados Unidos e Europa.
Han, que agora busca uma reparação judicial, afirma nunca ter recebido um pedido de desculpas. Durante os 44 anos de busca, ela procurou delegacias, orfanatos e programas de TV em busca de pistas sobre a filha. Em uma entrevista, contou que percorreu tanto as ruas que chegou a perder todas as unhas dos pés.
O governo sul-coreano afirmou à BBC que "se solidariza com a dor emocional" das vítimas e disse aguardar o resultado do julgamento para tomar "as medidas necessárias".
O caso de Kyung-ha expõe uma prática que, segundo especialistas, envolveu milhares de crianças rotuladas como órfãs mesmo quando tinham famílias vivas. Ao reencontrar a mãe biológica, ela afirmou sentir que uma parte dela havia sido restaurada. “É como se um buraco no coração tivesse sido curado”, disse em entrevista à Associated Press.
Acompanhe mais notícias em Alagoasweb.com