Falar de Luiz Gonzaga é algo que me deixa muito feliz. Ele faz parte da minha infância, adolescência e vida adulta. Não tem como, não se lembrar dos momentos de festejos juninos quando se fala do nosso rei do baião. É através de suas músicas que nossos festejos juninos são marcados. Músicas inesquecíveis como: Asa Branca, Assum Preto, Baião, Xote das Meninas, Pagode Russo, Olha pro Céu, Respeita Januário são grandes clássicos.
Luiz Gonzaga é um dos responsáveis por criar uma imagem da cultura do Nordeste no Brasil. Nasceu em 1912 no dia 13 de dezembro. Sua marca está representada no forró e na sanfona, além de ter criado o trio do forró e colocado o gênero musical baião.
Sua primeira apresentação como sanfoneiro foi aos 8 anos, junto de seu pai Januário. Teve uma vida marcada por grandes acontecimentos, mas o que merece ser evidenciado é o ano de 1940, ano que marca sua inspiração para tocar e representar coisas que evidenciasse o Nordeste. Já em 1980 Luiz Gonzaga canta para o papa João Paulo II. O cantor sempre teve uma relação muito atribulada com seu filho Gonzaguinha, que foi sendo melhorada através da turnê “Vida do Viajante”, eles foram estreitando os laços.
Luiz Gonzaga recebe vários prêmios, como o Disco de Ouro, pelo LP Danado de Bom. Venceu o prêmio Shell. Além de prêmios também teve apresentações internacionais. Mesmo ganhando fama internacional, Luiz Gonzaga para José Mário Austregésilo foi o responsável por criar uma identidade nordestina, representada pelas vestimentas do homem do sertão. Gonzaga foi além da música, ele escreveu um capítulo “definitivo na cultura brasileira” (LEIAJA, 2021).
Essa noção do Nordeste como lugar de personalidade própria impactou a noção de identidade do Brasil. “Luiz Gonzaga criou uma paisagem sonora, musical para esta região, muito importante, notadamente, para aqueles migrantes que estavam fora da sua terra e, ao ouvir suas canções no rádio ou em disco, podiam retornar imaginariamente”, explica o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e autor do livro A invenção do Nordeste e outras artes, Durval Muniz de Albuquerque Júnior. (LEIAJA, 2021).
Luiz Gonzaga, apesar de demonstrar em suas obras a chamada identidade nordestina, é importante destacar, que o povo do nordeste tem uma identidade plural, pois ele representou fortemente o homem do campo, mas por outro lado, existe um nordeste amplo, marcado por nove regiões e uma diversidade gigantesca. Mas, por outro lado, todo nordestino (a) que ouve Luiz Gonzaga, compreende que é na diversidade que o Nordeste se une, pois ele, melhor que ninguém usou o poder do “lugar de fala”, dando visibilidade a região Nordeste.
Luiz Gonzaga nos deixou em 1989, aos 76 anos de idade, no dia 02 de agosto em Recife, mas permanece até hoje na memória do povo brasileiro, e claro, do povo nordestino.