Homens e mulheres processam a dor de forma diferente

Por: Redação / Diário da Saúde  Data: 25/10/2024 às 10:28

Cientistas descobriram que homens e mulheres utilizam vias biológicas diferentes para processar a dor.

Homens e mulheres processam a dor de forma diferente
Homens e mulheres processam a dor de forma diferente

Enquanto os homens aliviam a dor liberando opioides endógenos, os analgésicos naturais do corpo, o corpo das mulheres trabalha com outras vias, não baseadas em opioides.

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Homens e mulheres processam a dor de forma diferente

Essa descoberta pode explicar porque os analgésicos opioides não funcionam tão bem nas mulheres quanto nos homens. Mas também pode explicar algo mais grave.

Os medicamentos opioides sintéticos, como morfina e fentanil, são a classe mais poderosa de medicamentos analgésicos disponíveis. São moléculas opioides sintéticas projetadads para se ligar aos mesmos receptores que os opioides endógenos naturais. Esse aspecto dos medicamentos opioides explica por que eles são tão poderosos como analgésicos, mas também por que eles carregam um risco significativo de dependência e vício. E é aí que eles podem ser mais perigosos para as mulheres.

“A dependência se desenvolve porque as pessoas começam a tomar mais opioides quando sua dosagem original para de funcionar,” disse o professor Fadel Zeidan, da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego. “Embora especulativas, nossas descobertas sugerem que talvez uma razão pela qual as mulheres são mais propensas a se tornarem viciadas em opioides é que elas são biologicamente menos responsivas a eles, e precisam tomar mais para sentir qualquer alívio da dor.”

Meditação contra dor

A equipe estava avaliando o uso da meditação para lidar com a dor lombar crônica, uma condição sem  tratamento convencional.

Os participantes passaram por um programa de treinamento de meditação, depois praticaram meditação enquanto recebiam placebo ou uma alta dose de naloxona, um medicamento que impede que opioides sintéticos e endógenos funcionem. Ao mesmo tempo, eles experimentaram um estímulo de calor muito doloroso, mas inofensivo, na parte de trás da perna. Os pesquisadores mediram e compararam quanto alívio da dor foi experimentado pela meditação quando o sistema opioide estava bloqueado versus quando estava intacto.

Os resultados mostraram que:

  • O bloqueio do sistema opioide com naloxona inibiu o alívio da dor baseado na meditação em homens, sugerindo que os homens dependem de opioides endógenos para reduzir a dor.
  • A naloxona aumentou o alívio da dor baseado na meditação em mulheres, sugerindo que as mulheres dependem de mecanismos não opioides para reduzir a dor.
  • Tanto em homens quanto em mulheres, pessoas com dor crônica experimentaram mais alívio da dor com a meditação do que participantes saudáveis.

Os pesquisadores concluem que adaptar o tratamento da dor ao sexo de cada indivíduo pode permitir melhorar os resultados para os pacientes e reduzir a dependência e o uso indevido de opioides.

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