No primeiro semestre deste ano o Hospital Geral do Estado (HGE) assistiu 53.484 pessoas, sendo 37.557 somente envolvendo casos clínicos e 1.006 em outros casos. Os acidentes continuam sendo a segunda causa para assistência médica: 13.334, sendo 9.307 casuais, 3.389 de trânsito e 638 de trabalho. E mesmo em meio a uma pandemia, a maior unidade de urgência e emergência de Alagoas continua funcionando normalmente e assegurando seu principal objetivo: salvar vidas.
Os casos clínicos representaram pouco mais de 70% da demanda. Para o gerente do HGE, Paulo Teixeira, tais indicadores demonstram a atuação ininterrupta das equipes de profissionais da saúde e expõem a força e qualidade assistencial que os alagoanos podem contar. Entretanto, ele também alerta que o quantitativo de acidentes poderia ser menor com adoção de hábitos de prevenção, principalmente durante a pandemia da Covid-19.
“A maioria dos casos envolvem falta de atenção, cautela, uso dos EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] e respeito às normas. Ou seja, ações equivocadas que geram consequências lamentáveis, por vezes, até fatal. Em casa, os acidentes domésticos têm sido frequentes, como os casos de quedas e descuido com objetos. E na rua, as quedas de motos continuam liderando entre os acidentes de trânsito”, detalhou o gerente.
Também foram notificados 1.199 casos de agressão, sendo 516 em luta corporal, 353 por arma branca e 330 por arma de fogo. E ainda houve a admissão de 191 queimados, 179 usuários que tentaram suicídio, 12 afogamentos e seis casos envolvendo violência sexual.
HGE segue salvando vidas – Nelson Lamenha Lins tem 76 anos de idade. Ele vive na cidade de Matriz de Camaragibe, onde já trabalhou de cortador de cana e atualmente está aposentado. Para faturar um adicional nas contas da família, ele é encarregado de ligar e desligar uma bomba que abastece com água seu povoado. O que ele não esperava é que teria que sair dessa rotina de forma tão inesperada.
“Eu fui para a feira no sábado, lembro-me de tudo. De lá visitei meu filho, que mora no segundo andar de um prédio. Quando desci, eu percebi que minha perna esquerda estava diferente. Mas não dei tanta importância. Então resolvi outras coisas e depois viajei para Joaquim Gomes. Chegando lá, ao tentar sair do carro, não consegui. Percebi que minhas pernas estavam moles. Levaram-me para o hospital da cidade, que me encaminhou para cá”, resumiu seu Nelson.
O que o patriarca teve foi um Acidente Vascular Cerebral (AVC) do tipo isquêmico. Como ele mesmo afirmou, tão logo chegou ao HGE, foi levado para fazer os exames e internado na Unidade de AVC. Foi a primeira vez que ele visitou a unidade como paciente e está ansioso para se recuperar e retomar seu cotidiano no campo.
“Eu me cuido. Nunca fumei. Já consumi na juventude bebidas alcoólicas, mas hoje não mais. Não sabia que tinha diabetes, só que precisava controlar minha pressão arterial. Quando voltar para casa e tiver caminhando 100%, eu pretendo voltar ao meu serviço. Claro, usando máscara, lavando as mãos e sem conversas com as pessoas muito perto”, afirmou o paciente.
No último dia 14, Nelson voltou para casa. Ele é um dos milhares que precisam dos serviços de média e alta complexidade oferecidos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Vale recordar que o HGE é o maior hospital de urgência e emergência de Alagoas, referência no atendimento a vítimas de queimaduras, doenças cardiovasculares, traumas e pediatria – 24 horas. Em 2019, foram realizados 159.904 atendimentos; no primeiro semestre o ano passado foram 80.268.