O aumento de casos de infecções de gripe no último trimestre deste ano atraiu a atenção dos especialistas em saúde.
Os sinais de alerta começaram na Europa, onde poderiam ser esperados, pela chegada do inverno no Hemisfério Norte.
Contudo, as surpresas vieram com o surgimento de surtos no Brasil, inicialmente no estado do Rio de Janeiro, mas agora na maioria dos estados.
É surpreendente por estarmos no início do verão, fora da “estação de gripe”, além do que a maioria dos especialistas apontava a diminuição dos casos de gripe nos últimos dois anos como um reflexo das medidas de prevenção – máscaras e distanciamento, sobretudo – tomadas em razão da epidemia de covid-19.
O que se sabe até agora é que a gripe tem gerado surtos regionais pelo Brasil impulsionada pela introdução de uma nova cepa do subtipo A(H3N2), batizada de Darwin.
A primeira identificação da nova cepa no país foi realizada pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em amostras provenientes da cidade do Rio de Janeiro.
De acordo com o pesquisador Fernando Motta, o grande número de pessoas infectadas com o vírus da gripe também é resultado da combinação de uma circulação reduzida do vírus influenza em 2020 e da baixa adesão à campanha de vacinação contra a gripe naquele ano.
A(H3N2)
Atualmente, são conhecidos três tipos de vírus da gripe: A, B e C. Os dois primeiros são mais propícios a provocar epidemias sazonais em diversas localidades do mundo, enquanto o último costuma provocar alguns casos mais leves.
O tipo A da influenza é classificado em subtipos, como o A(H1N1) e o A(H3N2). Já o tipo B é dividido em duas linhagens: Victoria e Yamagata. Embora possuam diferenças genéticas, todos os tipos podem provocar sintomas parecidos, como febre alta, tosse, garganta inflamada, dores de cabeça, no corpo e nas articulações, calafrios e fadigas.
A cepa Darwin, só recentemente descoberta na Austrália, faz parte do tipo A (H3N2). Nos últimos meses, ela contribuiu para um aumento de casos de gripe em um período atípico no Brasil – que, assim como os países do Hemisfério Sul, possui uma circulação maior do vírus da gripe no inverno (entre julho e setembro).
Os cuidados para evitar o contágio e a transmissão da gripe são os mesmos que a população tem usado para frear a transmissão da covid-19: “Distanciamento social, evitar aglomerações, uso de máscaras, higiene constante das mãos e etiqueta respiratória. São medidas que vimos ao longo do ano passado e que provavelmente fizeram com que várias viroses respiratórias desaparecessem de circulação. E, com certeza, mitigaram a transmissão do coronavírus,” afirmou Fernando Motta.