Filho de presidente do PT de Alagoas recebe R$ 399 mil como advogado do partido

Por: Redação / Último Segundo  Data: 30/09/2024 às 10:59

Falta de critério na escolha gerou críticas e até desfiliações

Filho de presidente do PT de Alagoas recebe R$ 399 mil como advogado do partido

O diretório estadual do PT em Alagoas contratou Guilherme Barbosa, filho do presidente da sigla, Ricardo Barbosa, como advogado para as eleições. A contratação usou quase 40% dos R$ 1 milhão doados pelo diretório nacional para “serviços advocatícios”. Essa decisão gerou críticas entre militantes. A informação é do portal “UOL”.

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Filho de presidente do PT de Alagoas recebe R$ 399 mil como advogado do partido

Guilherme, advogado desde 2019, recebeu R$ 399 mil para “serviços advocatícios”. O pagamento foi feito diretamente à sua empresa, aberta em julho de 2022. No mesmo ano, a empresa já tinha recebido R$ 10 mil do diretório estadual e R$ 115 mil de outros candidatos do partido.

Guilherme se apresenta como mestrando em direito público pela Universidade Federal de Alagoas e especialista em direito tributário. De acordo com a prestação de contas do diretório, o PT alagoano recebeu R$ 2,3 milhões do diretório nacional até o dia 27. Desses, R$ 1,24 milhão foi destinado a candidatos e diretórios municipais.

A escolha do advogado gerou insatisfação. Muitos militantes criticaram ao UOL a falta de critérios na contratação e expressaram descontentamento com os repasses a candidatos.

Welton Roberto, advogado e ex-filiado desde 2014, anunciou sua desfiliação em um vídeo, reclamando que mais de 20 advogados que ajudaram gratuitamente em 2022 foram esquecidos.

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“Muito me incomodou saber que mais de 20 advogados que trabalhavam de maneira gratuita e abnegada em 2022 para o presidente Lula em Alagoas foram oportuna, seletiva e injustamente esquecidos neste momento onde os 400 mil reais tiveram destino certo e sabido. Como incomodado sou eu, estou de saída”, disse.

Filho de presidente do PT de Alagoas recebe R$ 399 mil como advogado do partido

Outros filiados relataram, sob anonimato, que a decisão não foi bem recebida. Um deles disse: “Não há ninguém abaixo da direção que esteja feliz com isso”. Outro completou: “Espero que isso chegue à direção nacional para entenderem porque o partido não consegue crescer em Alagoas”.

Quem é Ricardo Barbosa
Ricardo Barbosa, ex-vereador pelo PSOL de 2009 a 2012, preside o PT em Alagoas desde 2017. Ele já se candidatou a prefeito de Maceió em 2020, vice-prefeito em 2016 e vereador em 2012, mas foi derrotado em todas as tentativas.

Em 2024, seu nome foi ratificado para mais uma candidatura a prefeito, mas o diretório nacional decidiu apoiar Rafael Brito, do MDB. Em protesto, o diretório local não aceitou a indicação de Eliana Silva (PSOL) como vice e optou por ter apenas candidatos a vereador na capital.

Ricardo Barbosa comentou por meio de nota do partido, afirmando que a destinação dos recursos foi decidida coletivamente e de forma transparente.

Em nota, o PT de Alagoas afirma que a “Comissão Executiva Estadual aprovou em reunião, por ampla maioria, a distribuição de recursos e contratações de serviços coletivos, inclusive jurídico e contábil, tudo de forma transparente e em atendimento aos critérios e demais requisitos exigidos por sua Direção Nacional”.

“O partido reforça que todas as contratações e prestações de contas, até aqui parciais, foram informadas à Justiça Eleitoral, reiterando seu compromisso com a verdade e a legalidade. A direção do PT reafirma sua unidade e determinação em enfrentar os ataques, mantendo-se firme na luta pelo fortalecimento das suas bandeiras e pela defesa de suas lideranças”, diz o documento.

Ainda segundo a nota, as críticas — que antes foram feitas na imprensa alagoana — se tratam de “ataques midiáticos que visam desqualificar a destinação de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha”.

“Esses ataques, classificados pelo partido como parte de uma estratégia fascista de difamação política recorrente nos últimos períodos eleitorais, têm o objetivo de desestabilizar a legenda e sua liderança, recorrendo a táticas autoritárias e infundadas para atacar o PT e sua militância.”