Filho de doméstica agora é doutor em Engenharia e agradece à mãe

A história de luta de uma mãe doméstica e de um filho focado terminou em doutorado. A tese de doutorado do engenheiro florestal Giuliano Ferreira Pereira, de 29 anos, defendida no ultimo dia 5, foi aprovada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Giuliano comemorou nas redes sociais, mas lamentou a ausência da mãe dele, a dona Maria de Fátima Ferreira, de 62 anos, que faz parte do grupo de risco e não pôde participar da conquista, em respeito ao isolamento social da Covid-19. O novo doutor contou que dona Maria fez de tudo para que o filho tivesse o que ela não teve: oportunidades na vida. História

Por: SNB com Tribuna do Paraná  Data: 26/06/2020 às 06:25

A história de luta de uma mãe doméstica e de um filho focado terminou em doutorado.

A tese de doutorado do engenheiro florestal Giuliano Ferreira Pereira, de 29 anos, defendida no ultimo dia 5, foi aprovada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Giuliano comemorou nas redes sociais, mas lamentou a ausência da mãe dele, a dona Maria de Fátima Ferreira, de 62 anos, que faz parte do grupo de risco e não pôde participar da conquista, em respeito ao isolamento social da Covid-19.

O novo doutor contou que dona Maria fez de tudo para que o filho tivesse o que ela não teve: oportunidades na vida.

História

Giuliano começou o curso de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com 19 anos, em Curitibanos, quando a universidade instalou um campus na cidade, em 2009.

Em 2016, com 25 anos, foi morar em Curitiba, Paraná, depois de ser aprovado na entrevista do doutorado.

Ele é natural da cidade de Curitibanos, no interior de Santa Catarina, e, desde a infância, sempre estudou em escola pública.

A mãe, Maria de Fátima, começou a trabalhar como doméstica na adolescência, depois de ficar órfã e ser acolhida por uma irmã.

Até hoje, ela ainda trabalha para a mesma família. “Eles sempre me deram muito incentivo para que o Giuliano estudasse”, disse à Tribuna do Paraná.

Maria de Fátima cursou até o 3º ano do agora Ensino Fundamental.

“Me senti bem feliz da vida. A história do filho da empregada [suspira]. Espero que ele continue sendo um bom rapaz. O Giuliano nunca incomodou, sempre foi muito querido”, disse a mãe emocionada.

Como boa parte das crianças menos favorecidas, Giuliano frequentou creches, por vezes ia com a mãe para a casa da patroa, mas, segundo ele, não havia preconceito. “Minha mãe trabalhava o dia todo, se esforçava para cuidar de mim, do meu irmão e da minha irmã, que são mais velhos. Eu era incentivado”, conta ele.

Gratidão

Giuliano agradece à mãe e à universidade pública por ter chegado onde chegou.

“Além de ser filho da empregada, sou filho da Universidade pública, realizei minha graduação (UFSC), mestrado (UDESC) e agora doutorado (UFPR), em instituições públicas de ensino. […] A educação pública transformou minha vida e de diversas outras pessoas que não teriam oportunidade de realizar seus estudos de outros modos”, concluiu.