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Fazenda de corpos: as perturbadoras e úteis instalações forenses

The New York Times/Reprodução

As fazendas de corpos são instalações de pesquisa onde restos humanos são deixados em várias condições diferentes para que os cientistas forenses possam estudar o processo de decomposição no ambiente — apesar de o nome se remeter a um local onde assassinos desovam cadáveres de pessoas, como uma espécie de cemitério de crimes.

Alguns corpos são expostos aos elementos naturais e a predadores, outros são enterrados para análises futuras de como os agentes do solo agem sobre a matéria orgânica morta. Tudo isso é feito para que os profissionais possam estabelecer uma linha do tempo até a hora da morte.

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Além disso, os avanços no sequenciamento de DNA e a tecnologia das máquinas estão possibilitando a identificação de bactérias, fungos e outros micróbios associados à decomposição e a busca por padrões previsíveis que podem, eventualmente, fornecer um método para determinar com mais precisão o tempo desde a morte de uma pessoa.

A tecnologia do processo

(Fonte: ABC/Reprodução)

As fazendas de corpos não são feitas apenas para os cientistas, mas também para a polícia como parte do treinamento de recuperação de restos mortais em uma cena de crime, em que cães são treinados para rastreamento de cadáveres devido ao forte odor que o local apresenta.

Os corpos que acabam na instalação são submetidos a todos os tipos de experimentos imagináveis, desde colocados em reboques e cobertos com concreto, baleados, feridos com objetos contundentes, até queimados em gaiolas. Todo esse processo ao ar livre também levou os pesquisadores a conduzir um experimento para determinar se os nutrientes liberados dos restos humanos podem ter um efeito significativo na coloração das folhas de uma árvore, o que pode ser usado na busca por pessoas desaparecidas.

Diante de tudo isso, é impossível não se perguntar de onde esses cadáveres vêm. Muito diferente do que acontecia no século XVIII com os ladrões de túmulo em prol da Medicina rudimentar da época, as fazendas de corpos recebem seus objetos de estudo de doações — quando alguém doa seu corpo para a Ciência.

Segundo a Antropologia Forense, a instalação do Centro de Pesquisa Antropológica da Universidade do Tennessee, que tem a fazenda Rancho Freeman, já recebeu cerca de 1,8 mil cadáveres até então. No entanto, se alguém foi infectado com a bactéria Staphylococcus aureus, tuberculose, hepatite, HIV ou até mesmo covid-19, o corpo não pode entrar nas fazendas, para limitar o risco dos pesquisadores à exposição.

O legado

(Fonte: Vice/Reprodução)

Além de todo o avanço no campo da pesquisa científica, as fazendas de corpos também têm sido fundamentais para diluir os mitos sobre cadáveres, como a ideia de que, após a morte, um corpo permanece exatamente no mesmo lugar.

Em 2019, como mostra a Phys.org, pesquisadores do Australian Facility for Taphonomic Experimental Research (AFTER) descobriram que corpos humanos se movem significativamente por mais de 1 ano após a morte.

Em uma fazenda de corpos, foram tiradas fotos a cada 30 minutos ao longo de 17 meses, mostrando que o cadáver se moveu durante todo esse período. A maior parte do movimento foi visto nos braços, que começaram ao lado do corpo e foram se afastando dele lentamente.

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