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Ex-doméstica de 61 anos passa em 1º lugar para Ciências Biológicas da UnB

Valdina concluiu o ensino médio por meio da Educação para Jovens e Adultos (EJA)

Ex-doméstica de 61 anos passa em 1º lugar para Ciências Biológicas da UnB (imagem: Globo Repórter)

Aos 61 anos, a história da dona Valdina Ferreira de Paiva é um exemplo. Ex-doméstica e mãe solo, a mulher batalhou para formar as filhas e agora virou caloura do curso de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB).

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Ex-doméstica de 61 anos passa em 1º lugar para Ciências Biológicas da UnB

Por meio de uma seleção exclusiva para candidatos com mais de 60 anos, a mulher, que começou a trabalhar como doméstica aos 11 anos, foi aprovada em primeiro lugar no vestibular. O ingresso na universidade é a coroação de uma trajetória repleta de desafios.

Apesar de todas as dificuldades, Valdina nunca desistiu. Concluiu o ensino médio por meio da Educação para Jovens e Adultos (EJA) e virou exemplo para muitos que acham que o tempo já passou. “Minhas filhas já fizeram faculdade e agora é a minha vez, já que eu as incentivei”, disse.

Superou obstáculos
Dina, como é conhecida, tem a história marcada por obstáculos. Ainda criança, precisou abandonar a escola para ajudar em casa e sustentar a família.

Aos 11 anos, começou a trabalhar como doméstica e o sonho de um diploma universitário parecia muito distante.

As coisas melhoraram um pouquinho quando ela cresceu, mas a mensalidade de uma faculdade privada era um problema.

“Eu sempre quis fazer uma faculdade pública porque não tinha condições de arcar com as despesas de uma faculdade particular, eu já estava quase guardando esse sentimento lá no fundinho do baú. Quando foi no começo do ano surgiu a oportunidade”, contou em entrevista ao Globo Repórter.

Ex-doméstica de 61 anos passa em 1º lugar para Ciências Biológicas da UnB

Prova era desafio
Com o incentivo das três filhas, Dina, mãe solo, se inscreveu no vestibular. Para a prova de redação, a ex-doméstica temia os erros de ortografia.

“Eu pensei: ‘Ah, fazer redação, e agora? E os erros de ortográficos, como é que eu vou fazer?’ Aí minha filha me disse: ‘Mãe, redação é só contar uma história com começo, meio e fim’. O tema era a terceira idade, suas oportunidades e desafios que a gente tem no dia a dia, e eu coloquei a minha história. Agora, eu vou guardar o rascunho dessa redação para sempre”, disse.

E foi contando a própria história que ela deu um passo gigante e se tornou universitária. Depois de tantos anos, o sonho se realizou.

Paixão pela Biologia
A paixão pelas Ciências Biológicas não é de agora. Há mais de 30 anos foi aprovada no concurso do Jardim Botânica de Brasília.

Lá, teve a chance de conhecer mais sobre botânica e se apaixonou pela natureza. Na faculdade, vai unir a prática que aprendeu no trabalho, com a teoria.

“Faço muita coisa na área de botânica e, agora, quero juntar com a teoria”, explicou.

Quer virar exemplo
Com uma baita história de vida, Dina quer ser inspiração. “Eu quero que as pessoas se espelhem em mim e tomem as dificuldades como exemplo. Se ela pôde chegar, com todas essas dificuldades, eu também posso.”

Quanto à idade, isso para ela nunca foi um problema. “A idade está na mentalidade das pessoas. Existem pessoas com 20 anos que pensam como se tivessem 70 e vice-versa. E eu acho que eu sou um desses de 60, com mentalidade de 30 e poucos, 40 anos. O céu é o limite para quem quer voar”, finalizou.

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