Na inauguração do modelo digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), candidatos relatam terem sido impedidos de realizar a prova por falhas no sistema do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O problema foi relatado por estudantes no Amapá, Alagoas, Maranhão, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Neste domingo, 31, ocorre a primeira aplicação do modelo digital do Enem.
No Distrito Federal, Larissa Giovana Nascimento de Andrade Xavier, de 19 anos, teve de esperar em seu local de prova até às 15h30 e, então, foi orientada a ir para casa. “O sistema parou, não liberou as provas e ficamos esperando sem fazer nada até as 15h30”, conta a estudante, “Depois, só passaram um número para registrarmos a reclamação e disseram que faríamos a reaplicação da prova provavelmente só em março”.
Para Larissa, a situação demonstra um descaso com os estudantes. “Eu moro super longe de onde fui fazer a prova e a gasolina custa mais de R$ 5. Isso é um descaso total. Além de toda a preparação para fazer a prova, é um sentimento inexplicável, um descaso conosco”. De acordo com a estudante, o problema foi em toda a Universidade Católica de Brasília, seu local de prova. O marido de Larissa, que fazia o exame em outro prédio da universidade, conseguiu começar o exame, mas foi instruído a finalizar e encerrar a prova.
Em Macapá, Luciene Souza da Silva, de 23 anos, conta ter esperado por mais de uma hora na tentativa de ter acesso à plataforma. “Nem abriu o sistema. Ficamos esperando porque quem estava aplicando a prova disse que era para aguardar. Foi mais de uma hora esperando liberar o sistema e nada, então mandaram a gente ir embora”, relata. “Disseram que não era culpa da internet e nem dos computadores da escola, mas sim um problema no sistema. Dos oito laboratórios da escola, só um conseguiu acessar o sistema”.
No Estado de Alagoas, em Arapiraca, os computadores sequer foram ligados na sala onde Letícia Pereira, de 17 anos, fazia a prova. “Quando chegamos, os computadores estavam desligados e assim permaneceram. Ficamos esperando até as 13h30 para começar a prova, depois de termos assinado a lista de presença e a folha de redação e rascunho”, conta a estudante. “Coordenadores vieram avisar os fiscais de sala que não teria a prova. Os fiscais avisaram que, devido a um problema na conexão, deveríamos remarcar a prova para outro dia”.
Depois de um trajeto de 45 minutos de ônibus, Milene Schiavo, de 19 anos, também não pôde realizar a prova na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. “Fiquei na sala das 12h30 às 13h30, e aí pediram para gente levantar e disseram que, por problemas de conexão, a prova não iria acontecer. (…) Sacanagem, né? A gente vai preparado psicologicamente e acontece isso. Fui bem cedo para não me atrasar e tive que esperar porque ainda estavam arrumando a sala”. Na escola de Milene, a orientação foi para que os estudantes entrassem em contato com o Inep e solicitassem a reaplicação deste domingo. “Eles disseram que a prova do próximo domingo (7 de fevereiro) está confirmada, que até lá já teriam arrumado o problema”.
Em São Luís do Maranhão, Railson Lima, de 28 anos, esperava que o sistema abrisse com seus dados na tela, mas não foi o que ocorreu. Na sala ao lado, os estudantes começaram a prova às 13h30, mas não na de Railson. De acordo com seu relato, a coordenadora deu a possibilidade dos candidatos irem embora antes das 15h30 e serem eliminados por desistência ou iniciarem a prova às 15h30 e terminarem às 21h. Os candidatos recusaram as duas alternativas. “Nós decidimos assinar a folha de presença e sair, porque não tínhamos condições nem físicas nem psicológicas para aguentar esse tempo todo fazendo a prova”, diz Railson, “Só iríamos nos prejudicar mais do que já fomos prejudicados pelo erro do próprio Inep”.
Até a publicação desta reportagem, o Inep não se manifestou sobre o acontecimento. Através da assessoria, afirmou apenas que “qualquer informação relacionada à aplicação do exame será abordada na coletiva”, prevista para ocorrer às 20h.